quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Escolas de Jaru: Capitão Sílvio de Farias


       Sílvio Gonçalves de Farias nasceu em 12 de agosto de 1923 na cidade de Ubá, em Minas Gerais, terra do sempre tão reverenciado Ary Barroso. A sua morte ocorreu no ano de 1978 em dia e mês desconhecidos.

Capitão Silvio em registro feito pelo INCRA de Rondônia (Fonte: INCRA)

Capitão Sílvio não criou a graça e as sutilezas das músicas de seu conterrâneo Ary Barroso, mas em ação conjunta com seus companheiros de Incra, criou, e ampliou uma estrutura agrária bem desenhada, e impregnada de grande justiça social: terras para quem conhece o “cheiro da terra”, terra para os homens que com suas mãos souberam arrancar de seus lotes, não somente o seu sustento, mas principalmente, souberam construir a vigorosa agropecuária de Rondônia.

Antes de chegar ao Incra foi abrigado na hermética sigla DFZ-04, do extinto Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), sediada em Porto Velho.  Percorreu, como profissional da topografia que era, as linhas demarcatórias como profissional do Serviço Geodésico do Exército.  Depois passou a semear centenas de campos de pouso, sob a orientação da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (Comara), arrancando do isolamento, vilarejos, pequenos burgos, agrupamentos indígenas, perdidos na imensidão da floresta tropical. Daí o seu profundo conhecimento teórico e, sobretudo prático, conhecimento adquirido no campo, através de penosas caminhadas de topógrafo, conhecimento e verdadeira paixão e fixação pelos mapas.

Capitão Sílvio era casado com Dona Terezinha, com quem teve três filhos: Sílvia (aeromoça e depois instrutora da Varig), Sílvio (comerciante) e Evaldo (advogado). Ainda teve tempo para agasalhar o filho adotivo Rubens que, segundo informações, permanece em Rondônia. Nas lutas para definir a estrutura agrária de Rondônia, o Capitão Sílvio abraçou a causa dos seringalistas; os pioneiros que com as atividades extrativistas da coleta do látex da seringueira, da coleta dos ouriços da castanha-do-pará, das peles de animais silvestres, resguardaram nossas fronteiras e deram sentido econômico às florestas da Amazônia sem lhes causar maiores danos. Eram atividades pontuais, que envolviam um pequeno número de trabalhadores extrativistas e que não causaram maiores danos ao meio ambiente.

O fato de apoiar os seringalistas fez com que Capitão Sílvio tivesse muita dificuldade na regularização (venda/compra) da gleba do Seringal Nova Vida que à época pertencia a Emanuel Pontes Pinto e irmãos para o grupo de João Arantes Filho que chegava a Rondônia. Uma das razões que levou ao confronto o Capitão Sílvio com o Grupo dos Arantes foi a destinação que os compradores deram à gleba de terras: pecuária. As centenas de milhares de hectares de terras do “Nova Vida”, eram de excelente qualidade, e entendia o Capitão Sílvio, que elas deveriam ser voltadas para a ocupação por pequenos agricultores, vocacionados para a produção de alimentos e não para criar bois. Nesse período, Capitão Sílvio Gonçalves de Farias “bate de frente” com as coisas que ele considerava como irregulares e resolve proteger o interesse dos colonos.

Uma das mais notáveis contribuições do Incra e do falecido Capitão Sílvio Gonçalves Farias foi a parceria montada com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). A Ceplac desenhou com o Incra a estrutura fundiária da cacauicultura de Rondônia. Destinou aos parceleiros dos Projetos Integrados de Colonização (PIC’s), que recebiam lotes de 100 hectares, uma área de plantio de cacau de 10 hectares, era o módulo familiar. O desenho da estrutura agrária cacaueira foi criado pelos agrônomos Assis Canuto do Incra e Frederico Monteiro Álvares Afonso, da Ceplac, apoiados pela concepção cartográfica do Capitão Sílvio, do projeto Fundiário do Incra.

A homenagem que Rondônia fez ao Capitão Sílvio Gonçalves de Farias ainda está muito aquém de sua importância para o desenvolvimento do Estado. Embora haja 52 municípios, nenhum possui o seu nome. Em Ariquemes tem uma rua com o nome de Capitão Sílvio Gonçalves de Farias, a principal via de acesso à cidade, uma lembrança do ex-prefeito Francisco Sales. Em Jaru, município localizado a cerca de 290 quilômetros de Porto Velho, Capital do Estado de Rondônia, existe uma escola com o mesmo nome e que será tratada a seguir pela reportagem. 

 A Escola Capitão Sílvio  

Frente da escola em 2002 (Foto: Acervo da escola)

A Escola Capitão Sílvio de Farias remonta aos tempos de avanço da construção do município de Jaru e tem se tornado, desde então, referência tradicional, em vista do tempo de funcionamento, da quantidade de alunos que abrange e dos resultados educacionais alcançados. É a segunda instituição mais antiga da cidade e inicialmente era um estabelecimento de ensino municipal. Ela foi criada através de uma solicitação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) de Ariquemes, por meio do Decreto 1121/80, com o nome de Escola de 1.º e 2.º Graus Capitão Sílvio de Farias.

Frente da escola em 2012 (Foto: Elias Gonçalves)

A escola foi construída no mesmo local onde está funciona atualmente. A Semec de Ariquemes, orientada pelo Parecer 02/76-CTE/RO e por meio do Ofício 408/81, solicitou a autorização de funcionamento, mas a instituição funcionou sob a tutela municipal por apenas um e, desde então, faz parte do quadro estadual. Parte dos estudantes, principalmente de 5.ª a 8.ª Séries, era composta por aqueles que estavam sendo transferidos do antigo prédio da Escola Plácido de Castro (no local onde funciona a Escola Olga Dellaia), quando a mesma migrara para o novo prédio (agora localizado à Avenida Plácido de Castro com a Dom Pedro I).

Frente da escola Capitão Silvio em 2017, quando a instituição passou a oferecer o
ensino médio integral (Foto: Elias Gonçalves)

Em 27 de novembro de 1981, o documento n.º 153/81-CTE/RO autorizou o funcionamento até 1983, permitindo o 1.° Grau de 1.ª a 8.ª Séries e o 2.º Grau na modalidade Magistério. No ano de 1991, o Magistério foi extinto na instituição, sendo substituído pelo Colegial, posteriormente conhecido apenas como Ensino Médio.

Em 2017, a escola estadual Capitão Silvio entrou em uma nova era educacional com a implantação do ensino em tempo integral no estabelecimento de ensino por meio da Lei Complementar nº 940, de 17 de abril de 2017. A Lei sancionada pelo então governador Confúcio Moura instituiu o Programa Escola do Novo Tempo no âmbito do Estado de Rondônia em dez unidades escolares. Além do ensino médio, para o ano letivo de 2024, a escola passou a oferecer o ensino fundamental em tempo integral também aos alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. 

Frente a escola em 31 de janeiro de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)

Segundo informações divulgadas pelos governos estadual e federal nas escolas que fazem parte do Programa Escola Novo Tempo os alunos permanecem 9h30 minutos na unidade de ensino, sendo que 7h30 são de efetivo trabalho pedagógico e as outras 2 horas estão divididas entre horário de almoço e intervalos programados no período da manhã e da tarde. O currículo de Educação Integral da Escola do Novo Tempo segue a base curricular nacional comum com reforço escolar em Língua Portuguesa e Matemática. Inclui ainda disciplinas de conhecimento regional: Geografia e História de Rondônia. Além de ser integradora que é parte diversificada. ‘‘O programa trabalha em cima das primícias do protagonismo juvenil e da corresponsabilidade social com base na pedagogia da presença’’.

A parte diversificada do programa de Ensino Médio em tempo integral contempla disciplinas como:

Projeto de Vida: O aluno, com apoio de um professor orientador, constrói o projeto de vida e desta forma compreende a importância dos estudos para alcançar objetivos.

Estudo Orientado: Nesta disciplina, o estudante recebe reforço em determinado conteúdo que apresente dificuldade ou que queira ampliar os conhecimentos.

Avaliação Semanal: São provas preparatórias para servir como testes para o Enem, concursos e outros processos avaliativos.

Práticas Experimentais: São as disciplinas realizadas em laboratórios com ênfase em química, física e biologia.

Disciplinas Eletivas: Onde os alunos escolhem o tema que querem estudar de acordo com a área de interesse profissional.  São disciplinas que mudam a cada semestre.

Pós-Médio: Disciplina que os alunos vão identificar seus objetivos após o Ensino Médio e serão orientados a como se preparar para o Ensino Superior e/ou para o mercado de trabalho.

A primeira turma da escola se formou no fim do ano de 2019 e a instituição considerou os resultados alcançados de forma positiva. Já no início do ano letivo de 2020, o estabelecimento de ensino abriu vagas para o 9º ano do ensino fundamental, garantindo assim a oportunidade a inúmeros estudantes no campo educacional.

 *Este texto foi elaborado com informações dos governos do Estado de Rondônia e da República Federativa do Brasil e do discurso feito pelo deputado federal Nilton Capixaba no dia 17 de agosto de 2005. Leia o pronunciamento feito pelo deputado clicando aqui






Um comentário:

  1. Caro amigo ainda era criança é via esse pessoal. Embora conheci o capitão Sílvio não tenho lembranças dele. Em 1975 teve uma exposição em ouro preto do oeste; daquelas que passava filmes do cangaceiro lampião a propaganda do governo militar. Tinha também barracas de comidas a espingardinha de tiro ao alvo. O atirador tinha que acertar o alvo, que costumava ser cateira de cigarro. Foi nesse tempo que eu comecei a introsar com essa gente querida. Lembro do filho do capitão, o Silvinho.conheci-o em Ariquemes.Era garoto alegre e brincalhão. Gostava de falar do Maracanã, era um apaixonado pelo estádio. Isto tudo no tempo em que o incra era um órgão muito respeitado.

    ResponderExcluir

Escolas de Jaru: EFA Dom Antônio Possamai

Dom Antônio Possamai (Foto: www.iper-amazônia.com.br)        A  Escola Família Agrícola Dom Antônio Posssamai  tem  esse nome em homenagem a...