terça-feira, 22 de novembro de 2011

Escolas de Jaru: Nilton de Oliveira Araújo

Nilton de Oliveira Araújo (1939 - 1987)

Nilton Oliveira de Araújo nasceu em 17 de junho de 1939 em uma família de quatorze filhos, sendo sete homens e sete mulheres. Ele era filho de Francisco Oliveira de Araújo e de dona Maria Antônia Lina de Souza. Natural de Serra do Pereiro (CE), Nilton chegou ao hoje Estado de Rondônia ainda adolescente, pois contava apenas com 17 anos de idade.

Ao chegar ao Território Federal do Guaporé, Nilton Oliveira de Araújo permanece inicialmente na localidade hoje conhecida como Seringal 70, e suas sub-regiões, chamadas de “colocações”, consideradas de ponto estratégico de extração da borracha e moradias dos Seringueiros (homens extrativistas da borracha). Dentre estas entre tantas, destacam:

- Colocação Santa Maria: onde localiza a Lanchonete “Paca Assada”, ao longo da BR – 364;

- Colocação do Onze: localizada ao longo da BR – 364, a entrada da Linha – 621 e a Linha – 601 ambos no mesmo sentido Jaru/Ariquemes;

- Colocação do Mororó: existente na região, onde localizava o extinto Parque de Exposições Agropecuárias de Jaru (hoje prédio do IFRO) e a Universidade Fimca Unicentro.

Quando Nilton de Oliveira Araújo chegou ao local abrangido atualmente pelo espaço de Jaru e Região, existia apenas a mata da Amazônia, o Seringal 70, a picada (atalho estreito na mata), que servia de meio de transporte através de animais (burros), a linha do telégrafo e o posto de telégrafo ao longo desta picada, na região onde se localiza a Teleron (Oi) em Jaru, próximo ao Restaurante Pinguim situado à Avenida JK.

Quando começou a trabalhar no hoje estado de Rondônia, Nilton Araújo desempenhou várias profissões: foi seringueiro (trabalhador com a borracha da Amazônia), tropeiro (trabalhador no transporte com burros), vendedor de joias, fotógrafo, vendedor ambulante (mascate) e arrendatário do Seringal 70, de propriedade da “Família Cantanhêde”. Foi também proprietário de uma pensão (servia pratos aos seringueiros e garimpeiros). Exerceu também o ofício de garimpeiro em vários setores da região, mas Nilton Araújo possuía um grande sonho em sua vida: buscar os seus familiares em sua terra natal.

O Seringal 70 compreendia um trecho de área de terras, desde as 02 (duas) placas na fronteira entre os municípios de Jaru e Ouro Preto do Oeste, onde começava o Seringal Curralinho, passando-se pela Colocação do Onze, pela Colocação do Santa Maria até a Fazenda Nova Vida, onde existia outro seringal, chamado de Seringal Nova Vida.

Então começaram as mudanças e o desenvolvimento na região, as ideias, a empolgação também. Nilton Oliveira de Araújo e os demais moradores estavam deslumbrados com a construção da BR-029 (hoje BR-364). Com o abandono da balsa, depois da construção da ponte sobre o Rio Jaru, iniciou-se um pequeno povoado ao lado da BR 029 (depois BR 364) próximo à ponte.

 Nilton Oliveira de Araújo casou-se aos vinte e quatro anos de idade com a senhora, Maria Neide Oliveira de Araújo e dessa união nasceram nove filhos, todos rondonienses. Os filhos demonstram ter muito orgulho de fazerem parte da história de Nilton Araújo. “Nilton foi um desbravador que trouxe cientistas alemães, na década de 1980 para estudarem um biogás que ele tinha feito sozinho. Um grande homem que lutou até o fim”, diz um de seus filhos.

Após o casamento os filhos foram crescendo e “Nilton”, exercia nova função, trabalhando na Indústria de beneficiamento de arroz, denominada como: “Juriti”. Mais tarde, porém, o nome da empresa foi mudado para Agro-Grão. Nesse período, ele saía de madrugada para buscar cereais em todo o Estado, para serem depois transportados para Porto Velho, capital de Rondônia. Foi também construtor e ajudou na construção do Parque de Exposição de Jaru e contribuiu com o início da festa agropecuária no município, a extinta Expoaja. Mais tarde atuou como comerciante de cereais transportando muitas cargas de arroz, feijão, milho e banana para São Paulo e outros estados da federação.

No decorrer do ano de 1987, Nilton Oliveira de Araújo já não possuía a mesma energia de anos anteriores. Resolveu mudar-se para suas terras com sua família, para cuidar de seus animais, pois era um forte criador e amestrador de cavalos. Sofreu uma parada cardíaca (infarto do miocárdio) e veio a falecer no dia 27 de agosto de 1987. Foi dada a entrada ao Hospital Geral de propriedade do Dr. Luiz (Boliviano), sob os cuidados do médico Guilherme. O Hospital Geral existia onde funcionou a Cooperativa de Profissionais de Educação (Cooped) no cruzamento das Avenidas Florianópolis e Tiradentes. A partir desta triste data deixou como viúva a dona Maria Neide Oliveira de Araújo e nove filhos, além de dois netos nascidos e um para nascer. Pela sua honrosa luta e mérito seu nome ficou registrado o seu nome em um estabelecimento de ensino que fora construído no Setor 08: escola estadual de ensino fundamental Nilton Oliveira de Araújo.

 A Escola Nilton Oliveira de Araújo

Frente da escola Nilton Araújo em registro feito no dia 02 de fevereiro de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)

 A escola Nilton Oliveira de Araújo foi criada pelo Decreto de nº. 5.957 de 27 de maio de 1993 com o Parecer de Autorização nº. 078/1998, Parecer de Reconhecimento nº. 121/1999 – CEE/RO e Resolução nº. 138/1999, situada a Rua “B” S/Nº. Setor – 08 (oito), nas proximidades da BR – 364 e em frente ao antigo Posto São Jorge. Posteriormente a rua em que a instituição está localizada teve o seu nome alterado e passou a ser denominada como Rua Oseias Feitosa e o estabelecimento de ensino recebeu o nº 3044.

Decreto de nº. 5.957, de 27 de maio de 1993
assinado pelo governador Osvaldo Piana
(Fonte: Governo de Rondônia)
O início das atividades na escola Nilton Araújo ocorreu no dia 22 de março de 1993, tendo como diretora a professora Ana Raquel dos Santos. A referida instituição foi criada para atender a demanda de diversos alunos, muitos deles oriundos da zona rural, chácaras, sítios e periferia. O estabelecimento surgiu com vários objetivos, entre eles: atender a população do Bairro Jardim Bela Vista (antigo Setor 08) que possuía grandes dificuldades de acesso a outros estabelecimentos localizados no centro do município devido também à longa distância, falta de vagas e o perigo existente no trajeto através da BR 364, além do eminente risco de atravessar sobre a ponte do Rio Jaru. A instituição possui uma área de 6.446,64² (seis mil quatrocentos e quarenta e seis metros e sessenta e quatro centímetros quadrados) e atende alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.

Em 2014 teve início uma parceria que marcou positivamente a história da instituição, graças a uma parceria com a escola Maria da Conceição dos Santos, conhecida popularmente em Jaru como Clube de Mães. Desde então no ambiente escolar são oferecidos gratuitamente ao corpo discente diversos cursos, entre eles nas áreas de pintura e artesanato, além de oficinas musicais com violão, com atividades específicas para os alunos que possuem o desejo de aprender a tocar o instrumento musical.

A inovação no estabelecimento de ensino não ficou restrita à frutífera parceria com o Clube de Mães. Em 12 de dezembro 2017, devido à sanção da Lei 4.202 por parte do Governo do Estado, a escola foi contemplada com Projeto Guaporé de Educação Integral (PGEI) destinado às instituições estaduais que atendem ao ensino fundamental e que foram selecionadas pela Secretaria de Estado da Educação mediante conformidades legais. Porém, a educação integral surgiu em Rondônia por meio da Lei 2.416, de 18 de fevereiro de 2011. Porém, na escola Nilton Araújo, as primeiras atividades com foco na ampliação da carga horária começaram no ano de 2012, inicialmente como parte integrante do Projeto Mais Educação até se tornar em um formato plenamente integral.

 O ensino em tempo integral ofereceu até o ano de 2023 disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no horário matutino e no período da tarde contam com os seguintes Eixos Temáticos: Acompanhamento de Língua Portuguesa e Matemática, Esporte e Lazer, Cultura e Arte, Direitos Humanos e Educação Ambiental. A inauguração da quadra poliesportiva em 31 de março de 2016 foi um marco para alunos e funcionários, uma vez que as instalações garantem aos mesmos a realização de inúmeras atividades escolares.

Para garantir a qualidade do ensino ministrado há múltiplos recursos, entre eles, laboratórios de Informática e Matemática que facilitam o atendimento educacional nas aulas de recuperação da aprendizagem, visando eliminar as dificuldades apresentadas pelos estudantes. Há ainda salas de Recurso (destinada aos alunos com necessidades especiais) e de Leitura e Biblioteca para facilitar o processo ensino-aprendizagem. A instituição oferece horários de planejamento e possibilidades de discussão do plano idealizado. Os projetos e atividades são desenvolvidos coletivamente, principalmente aqueles referentes às datas comemorativas, bem como os que forem relacionados aos temas transversais.

O Serviço Pedagógico de Apoio presta um auxílio aos educadores orientando-os em todas as suas ações. A escola dispõe também de Coordenador Pedagógico para acompanhamento das disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Coordenador Pedagógico do Guaporé, que acompanha o desenvolvimento dos Eixos Temáticos. Já o Serviço de Orientação Educacional (SOE) desenvolve as funções inerentes aos alunos e família.

Em 2024, com o fim do ensino fundamental em tempo integral, a escola passou a atender apenas o ensino regular. As turmas de 6º ao 9º do ensino fundamental em tempo integral passaram a ser atendidas pela escola estadual Capitão Silvio de Farias. 


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