segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Escolas de Jaru: EFA Dom Antônio Possamai

Dom Antônio Possamai
(Foto: www.iper-amazônia.com.br)

      Escola Família Agrícola Dom Antônio Posssamai tem  esse nome em homenagem a Antônio Possamai (1929-2018), bispo católico que, em vida, teve uma vasta folha de serviços religiosos prestados na Região Amazônica. 
     Antônio Possamai nasceu em Ascurra (SC) no dia 05 de abril de 1929. Informações contidas na biografia do religioso apontam que ele chegou em Ji-Paraná como Bispo Diocesano em 1983. Com sua chegada ao solo ji-paranaense, o local, que era apenas uma Prelazia, se transforma em Diocese e se expande de forma elevada.

Possamai chegou à região movido por vários desafios. Além de acolher o grande número de pessoas que vinham para Rondônia na década de 1980, era preciso seguir à risca sus convicções religiosas e dar uma atenção especial aos mais pobres, bem como aos povos indígenas que sofriam com a grilagem de terras provocadas pelo processo expansional da época.

Embora tenha enfrentado dezenas de desafios, o trabalho feito pelo seu antecessor em Ji-Paraná – o também Bispo Dom José Martins da Silva – foi de grande valia para o que Antônio Possamai gostaria de colocar em prática. Registros indicam que o religioso acompanhou o nascimento e o fortalecimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), Grupos de Reflexão e, claro, as Pastorais da igreja Católica na região. Informações apontam que o trabalho desenvolvido nas localidades que pertencem à Diocese de Ji-Paraná teve muitos frutos e participantes das PJ’s, como são chamadas as Pastorais da Juventude, acabaram assumindo cargos em sindicatos e outros movimentos sociais que lutam por melhorias para os menos favorecidos.

Em 1983, ainda no primeiro ano de sua chegada em Ji-Paraná, Dom Antônio Possamai foi o responsável por idealizar o Projeto Padre Ezequiel Ramim, cuja ações tem como foco buscar uma solução para a falta de saúde pública em várias esferas, a questão da educação de qualidade como um todo e a educação camponesa. O projeto teve uma grande repercussão e recebeu recursos da Alemanha para que pudesse ser colocado em prática.

Paralelamente às atividades do Projeto Ezequiel Ramim, começaram a surgir as – posteriormente – chamadas EFA’s – Escolas Família Agrícola – instituições de ensino que buscam a formação de jovens que residem na zona urbana em algo que seja próprio da realidade vivenciada por cada um deles. A ênfase dada é que filhos e filhas de agricultores possam ser capacitados para permanecerem em seus locais de origem e dali tirar o próprio sustento, evitando assim, o chamado êxodo rural.

Dom Antônio é considerado pelos seguidores da fé católica como uma voz firme que ecoou em vida e que, após a sua morte, deixou um grande legado. Por diversas vezes foi Presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sediada em Manaus. A sua luta fez com que a CNBB desmembrasse o órgão que a representa na região e fundasse a Regional Noroeste, cuja sede está situada em Porto Velho.

Dom Antônio Possamai atuou em Ji-Paraná de junho de 1983 a junho de 2007, totalizando 24 anos de serviços prestados. Ele faleceu aos 89 anos, em 27 de outubro de 2018 e, à época, era Bispo Emérito de Ji-Paraná. Seu corpo está sepultado em um túmulo localizado dentro da comunidade São José, em Ji-Paraná.

 

A Escola Família Agrícola Dom Antônio Possamai  

Prédio da EFA Dom Antônio Possamai em 04 de abril de 2015 (Foto: Elias Gonçalves)

A Escola Família Agrícola Dom Antônio Possamai está situada no km 02 da RO-463 (Linha 623), rodovia estadual que dá acesso da BR-364 ao município de Governador Jorge Teixeira.

O surgimento do estabelecimento de ensino começou com o seguinte dilema: depois de cursarem o ensino fundamental, os jovens campesinos (moradores da zona rural) praticamente ficam sem opção de estudarem em cursos que ofereçam auxílios (subsídios) técnicos para que continuem na propriedade e pratiquem uma agricultura familiar produtiva, respeitando as iniciativas organizacionais da comunidade.

Preocupados com essa situação, agricultores, agentes de pastorais da Paróquia jaruense São João Batista e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Jaru e as Associações de Produtores Rurais procuraram um modelo de escola que possibilitasse a continuação do estudo dos jovens rurais a partir do 1ª ano do Ensino Médio. Encontraram na Pedagogia da Escola Família Agrícola (EFA), essa resposta, como alternativa de educação para o meio rural, sendo modelo de escola que já existe em muitos Estados brasileiros, inclusive Rondônia, e que tem dado certo até hoje.

A ideia de implantação da EFA Dom Antônio Possamai surgiu desde os anos 1990. Aos poucos a ideia foi amadurecendo, juntamente com as comunidades, quando aos 25 de março de 2005 foi realizada a primeira Assembleia Geral de fundação da Associação da Escola Família Agrícola de Jaru e Região (AEFAJAR). Conforme registrado, o objetivo maior era implantar no município de Jaru a EFA Dom Antônio Possamai. 

O encontro foi realizado no Centro Comunitário da Paróquia de São João Batista de Jaru, onde houve a presença de aproximadamente 50 lideranças rurais e representantes das comunidades dos municípios de Jaru, de Governador Jorge Teixeira e de Theobroma, além de representantes de associações rurais, de cooperativas e do representante da Associação das Escolas Família Agrícola de Rondônia (AEFARO), o senhor Geraldo Dias Valadão, entre outros.

Nesse encontro, foi criado e aprovado o estatuto da associação e realizada a eleição de 16 (dezesseis) pessoas para o Conselho Gestor da AEFAJAR, sendo eleito o seu presidente, senhor Ricardo Gomes Araújo.  Na oportunidade, o projeto de doação foi elaborado e articulado pelo então vereador eleito Juscimar Telek (PT), ex-presidente e militante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR). Em seguida, já durante a gestão da prefeita Sônia Cordeiro de Souza, também do Partido dos Trabalhadores, foi apresentado para a Prefeitura de Jaru, que fez a doação ao STTR. Após a criação da associação AEFAJAR, o STTR doou o terreno para a AEFAJAR, dentro dos termos legais. 

Surgiu assim, a necessidade de buscar verbas para iniciar a construção do prédio. Para tanto, contou-se com o apoio de várias Comunidades Eclesiais de Bases da Paróquia São João Batista de Jaru que articulou junto ao conselho paroquial uma ajuda para a contrapartida do primeiro convênio, bem como a ajuda dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Theobroma, Governador Jorge Teixeira e de Jaru. 

Com isso, através do convênio 018/2006, foi firmado o primeiro contrato para o início das obras dos primeiros prédios e outro convênio de nº 09/2007, onde chegou-se à segunda etapa das construções de outras partes da referida EFA, sendo concluídas duas salas de aula, um refeitório, cozinha, secretaria, sala de monitores, biblioteca e dois banheiros e uma casa para funcionários, ambos adquiridos através de emenda parlamentar do então deputado federal Anselmo de Jesus Abreu (PT), ressaltando que algumas  estruturas foram adaptadas para dar início as atividades escolares no ano de 2013 com 64 educandos. Em 2016, a EFA teve a primeira formatura com 35 técnicos aptos a atuarem em suas propriedades ou no próprio mercado local. 

A EFA Dom Antônio Possamai obteve o primeiro Parecer de Funcionamento conforme nº 1126/13/CEE/RO, em 28 de janeiro de 2013. Os alunos estudam durante o dia, e, à noite, dormem nas dependências da escola, em regime quinzenal de alternâncias: 15 (quinze) dias ficam na escola; 15 (quinze) dias em casa, realizando atividades teóricas e práticas. 

Nessa perspectiva, a EFADAP propõe-se a oferecer o Curso Técnico de Nível Médio em Agroecologia, contribuindo para a elevação da qualidade dos serviços prestados à sociedade, oferecendo aos jovens do meio rural a oportunidade de retornar à sua propriedade e transformá-la em um empreendimento rentável economicamente, além do desenvolvimento solidário do campo ampliando e fortalecendo parcerias formativas e financeiras necessárias ao desenvolvimento rural. O curso tem a duração de 03 (três) anos, em que no último ano de formação, tem como foco uma clientela mínima de 320 (trezentos e vinte) educandos, proporcionando aos jovens rurais de Jaru e região um ambiente educativo fundamentado nos princípios agroecológicos e de responsabilidade, liberdade, participação e cooperação, voltados para o bem comum, tendo presente, uma educação em que as famílias tornam-se protagonistas da própria formação numa relação de constante diálogo com a escola.

Fontes consultadas:
IPER-Amazônia (iper-amazonia.com.br)
Prosas | Empreendedor - ASSOCIAÇÃO ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE JARU

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