segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Prefeitos de Jaru: Sônia Cordeiro

 

Sônia Cordeiro momentos após ser empossada como prefeita de Jaru (Foto: Elias Gonçalves)

Sônia Cordeiro de Souza, a primeira mulher a ser eleita para o cargo de prefeita de Jaru, nasceu em Ecoporanga (ES) no dia 30 de maio de 1966 e veio para o Estado de Rondônia em 1986. É graduada em Geografia e também em Estética e Cosmetologia, além de possuir pós-graduação em Ciências Sociais (com ênfase em História, Geografia e Meio Ambiente) e também em Estética Avançada. É casada com Valdeir Anício de Araújo (conhecido como Tracajá) e possui ao todo quatro filhos. Por mais de 33 anos atuou como docente em várias escolas nas redes estadual (de Rondônia) e municipal (de Jaru) e se aposentou como professora estadual em 2017.

Antes de ser eleita para o cargo de prefeita, Sônia Cordeiro teve uma extensa trajetória. Na APAE de Jaru, por exemplo, Sônia trabalhou de 1989 a 1998 na função de professora. Em 2005, retornou o seu trabalho na comunidade apaeana desta vez para assumir o cargo de Diretora Pedagógica, função que desempenhou até parte do primeiro semestre de 2012, quando se licenciou do cargo para se candidatar à prefeita, embora, em 2008, quando também disputou o mesmo cargo, tenha se afastado e depois retornado à mesma função.

O então governador Confúcio Moura foi parceiro da administração (Foto: Prefeitura de Jaru)

O período em que esteve à frente da APAE é considerado muito importante, pois, conforme descreve, foi uma oportunidade para demonstrar a capacidade administrativa, juntamente com os demais membros da diretoria da instituição.  Sônia relata que, durante o tempo em que permaneceu na direção da APAE de Jaru, em conjuntos com o corpo de profissionais, conseguiu fazer do estabelecimento uma referência no Estado de Rondônia. Segundo relata, “a prova maior foi o equilíbrio administrativo que teve como consequência importantes conquistas como a reforma da escola, compra de veículos, além do pioneirismo no uso de ecoterapia, que tem como base a realização de fisioterapia com o uso de cavalos”.

 Sônia Cordeiro durante a inauguração do prédio da Promotoria de Jaru
 (Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro)

A trajetória de Sônia Cordeiro na política começou em 2004, quando ela disputou o cargo de vereadora no município de Governador Jorge Teixeira (RO), onde obteve 93 votos, mas não alcançou o resultado esperado. Em seguida, no ano de 2008, Sônia disputa a eleição municipal em Jaru (RO), onde concorre pela primeira vez ao cargo de prefeita e, apesar da expressiva votação, não conseguiu lograr êxito. Na ocasião, Sônia alcançou 8.275 votos (28% dos votos válidos) e acabou não sendo eleita, em uma eleição onde concorreu com cinco candidatos. Em 2010, Sônia colocou novamente o seu nome à disposição do eleitorado e disputa o cargo de deputada estadual. Embora tenha conseguido 6.608 votos, a mesma não foi eleita. Persistente na esfera política, no pleito seguinte Sônia estava novamente com a campanha nas ruas. Em 2012, ao disputar o cargo de prefeita pela segunda vez em Jaru, Sônia Cordeiro é eleita com 14.027 votos (49,08%). O segundo colocado, Jean Carlos dos Santos alcançou 9.868 votos (34,53%) e o terceiro, Flávio Correia, conseguiu 4.683, o equivalente a 16,39% dos votos válidos.

Em 2011, com a morte do então deputado federal do Partido dos Trabalhadores Eduardo Valverde no dia 11 de março daquele ano, Sônia passou a responder pelo partido de forma interina. Já em 2012, de forma consensual foi eleita como presidente estadual do PT em Rondônia. Entre 2014 e 2015, Sônia Cordeiro atuou como presidente da Associação Rondoniense de Municípios (AROM) e na entidade representou o interesse dos 52 municípios do Estado. Além disso, antes de ser prefeita, Sônia chegou ao posto de vice-presidente das APAE’s no Estado de Rondônia, atuando assim em várias esferas.  

A implantação do SENAC teve o apoio da gestão da prefeita Sônia
Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro

Durante o seu mandato (que foi de 1º de janeiro de 2013 a 21 de dezembro de 2015), Sônia realizou diversas ações, muitas delas com o apoio do Governo do Estado e outras graças a emendas parlamentares. A implantação de um campus do Instituto Federal de Rondônia em Jaru, por exemplo, só foi possível em virtude da doação do antigo terreno da Expoaja que sua gestão fez ao IFRO. As unidades locais do SENAC e SENAI também só vieram para Jaru após a concretização do apoio do município no mesmo caminho. Dentro do campo educacional, a doação de 10 alqueires de terra para que a Escola Família Agrícola (EFA) Dom Antônio Possamai pudesse construir o seu prédio, cedência de equipamentos à EFA, além da abertura da estrada que liga o estabelecimento de ensino à RO-463 (antiga Linha 623), foi imprescindível para que a EFA pudesse ter o mínimo de condições de iniciar as suas atividades.

Prefeita Sônia Cordeiro (à esquerda) e o governador Confúcio Moura na assinatura da ordem de serviço das obras de saneamento básico no dia 20 de março de 2015 (Foto: Elias Gonçalves)

Quando o assunto é a zona urbana do município de Jaru, Sônia Cordeiro cita a desapropriação de áreas que alagavam durante o período chuvoso para a construção da Praça da Baixada, obra feita com parceria do Estado e contrapartida da Prefeitura. Em quase três anos de mandato foram feitos mais de 80 km de asfalto, regularização do Setor Chacareiro, concurso público, convênio para socialização de apenados, implantação do projeto Bombeiro Mirim, arborização de parte da zona urbana com ipês, reformas e ampliações em escolas e Unidades Básicas de saúde (UBS), implantação do PROMED para garantir mais recursos diretamente na conta das escolas municipais, criação do Programa Municipal de Alimentação Escolar (PMAE), compra de ambulâncias, regularização da parte urbana dos distritos de Bom Jesus, Santa Cruz da Serra e Tarilândia, implantação de rede computadorizada (interfaces) com todas as secretarias, monitoramento de pontos estratégicos da cidade em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Jaru (ACIJ), entre outras ações. 

O projeto Bombeiro Mirim foi realidade na gestão
(Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro)

Durante os dois primeiros anos de mandato, a gestão de Sônia Cordeiro teve um relacionamento harmônico com o poder legislativo. Projetos do Executivo que dependiam da apreciação dos vereadores foram aprovados pela Câmara Municipal e as ações que a gestão queria implantar no município conseguiram ir adiante. Todavia, após vir a público um suposto pedido de propina do presidente da Câmara, Valdecir Orlandini, o clima se tornou insustentável. Em 20 de maio de 2015, Orlandini foi preso pela Polícia Civil em flagrante, acusado de receber propina. Pouco mais de um mês antes, em 06 de abril do mesmo ano, a Câmara chegou a apreciar o afastamento da prefeita em virtude de supostas práticas ilegais em um leilão de bens inservíveis. Porém, mesmo com o placar desfavorável de 8 a 7, Sônia foi mantida no cargo, pois seriam necessários dez votos para afastá-la e, com isso, a oposição não conseguiu o que queria naquele momento. Em 2015, além da presidência do legislativo local, havia suspeita de que outros parlamentares mirins teriam pedido propina à prefeita e quatro deles foram investigados pela Polícia Civil por estarem na lista de possíveis destinatários de uma hipotética solicitação de vantagens indevidas.

Sônia em visita ao gabinete do então  deputado federal Padre Ton
(Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro)
Entretanto, Sônia Cordeiro não terminou o mandato para qual fora eleita em 07 de outubro de 2012, pois a mesma acabou sendo afastada em setembro de 2015 e depois cassada de forma definitiva no dia 21 de dezembro daquele ano pela Câmara Municipal de Jaru. À época, a cassação teve o placar de 11 a 1, em virtude da prefeita ser suspeita de não ter seguido totalmente as regras que regiam o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre a Prefeitura de Jaru e o Ministério Público. Pelo que havia sido acordado, a licitação dos ônibus escolares deveria exigir até 12 anos de tempo máximo de uso da frota que faria o transporte escolar. Acontece que o município fez todo o processo licitatório e a licitação acabou dando “deserta”, pois, nenhuma empresa apresentou veículos no período de utilização exigido.  A explicação da então prefeita foi que a licitação acabou sem êxito, pois nenhuma empresa possuía frota conforme descrito no certame. Além disso, não havia recurso próprio e nem federal, pois fugia da pactuação do certame do estado a tal exigência.

A Avenida Dom Pedro I
ficou mais bonita após o plantio
dos ipês floridos
(Foto: Acervo Pessoal de 
Sônia Cordeiro)

Sabe-se que é dever do município transportar a classe discente. Como não foi possível realizar de forma plena a licitação, houve uma mudança no período de utilização dos ônibus escolares para 16 anos. Com isso, a Câmara Municipal de Jaru acabou classificando o ato como uma suposta fraude e cassou o mandato da prefeita em duas ocasiões: na primeira delas Sônia alegou que teria havido cerceamento de defesa e a Justiça lhe deu causa ganha. Porém, a Câmara – onde, na época, a maioria dos parlamentares eram de oposição – cancelou a sessão que havia cassado a prefeita e lhe deu chances de defesa, entretanto o resultado já estava sacramentado e Sônia Cordeiro acabou perdendo o mandato em que fora legitimamente eleita. Sônia justifica que sua cassação foi injusta, uma vez que posteriormente acabou sendo inocentada da suposta fraude, o grande motivo que culminou com o afastamento definitivo do cargo para qual fora eleita por quase metade da população jaruense apta ao voto.

 

 

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