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Sônia Cordeiro momentos após ser empossada como prefeita de Jaru (Foto: Elias Gonçalves) |
Sônia Cordeiro de
Souza, a primeira mulher a ser eleita para o cargo de prefeita de Jaru, nasceu
em Ecoporanga (ES) no dia 30 de maio de 1966 e veio para o Estado de Rondônia
em 1986. É graduada em Geografia e também em Estética e Cosmetologia, além de
possuir pós-graduação em Ciências Sociais (com ênfase em História, Geografia e
Meio Ambiente) e também em Estética Avançada. É casada com Valdeir Anício de
Araújo (conhecido como Tracajá) e possui ao todo quatro filhos. Por mais de 33
anos atuou como docente em várias escolas nas redes estadual (de Rondônia) e
municipal (de Jaru) e se aposentou como professora estadual em 2017.
Antes
de ser eleita para o cargo de prefeita, Sônia Cordeiro teve uma extensa
trajetória. Na APAE de Jaru, por exemplo, Sônia trabalhou de 1989 a 1998 na
função de professora. Em 2005, retornou o seu trabalho na comunidade apaeana
desta vez para assumir o cargo de Diretora Pedagógica, função que desempenhou
até parte do primeiro semestre de 2012, quando se licenciou do cargo para se
candidatar à prefeita, embora, em 2008, quando também disputou o mesmo cargo,
tenha se afastado e depois retornado à mesma função.
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O então governador Confúcio Moura foi parceiro da administração (Foto: Prefeitura de Jaru) |
O
período em que esteve à frente da APAE é considerado muito importante, pois,
conforme descreve, foi uma oportunidade para demonstrar a capacidade
administrativa, juntamente com os demais membros da diretoria da
instituição. Sônia relata que, durante o
tempo em que permaneceu na direção da APAE de Jaru, em conjuntos com o corpo de
profissionais, conseguiu fazer do estabelecimento uma referência no Estado de
Rondônia. Segundo relata, “a prova maior foi o equilíbrio administrativo que
teve como consequência importantes conquistas como a reforma da escola, compra
de veículos, além do pioneirismo no uso de ecoterapia, que tem como base a
realização de fisioterapia com o uso de cavalos”.
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Sônia Cordeiro durante a inauguração do prédio da Promotoria de Jaru (Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro) |
A
trajetória de Sônia Cordeiro na política começou em 2004, quando ela disputou o
cargo de vereadora no município de Governador Jorge Teixeira (RO), onde obteve
93 votos, mas não alcançou o resultado esperado. Em seguida, no ano de 2008,
Sônia disputa a eleição municipal em Jaru (RO), onde concorre pela primeira vez
ao cargo de prefeita e, apesar da expressiva votação, não conseguiu lograr
êxito. Na ocasião, Sônia alcançou 8.275 votos (28% dos votos válidos) e acabou
não sendo eleita, em uma eleição onde concorreu com cinco candidatos. Em 2010,
Sônia colocou novamente o seu nome à disposição do eleitorado e disputa o cargo
de deputada estadual. Embora tenha conseguido 6.608 votos, a mesma não foi eleita.
Persistente na esfera política, no pleito seguinte Sônia estava novamente com a
campanha nas ruas. Em 2012, ao disputar o cargo de prefeita pela segunda vez em
Jaru, Sônia Cordeiro é eleita com 14.027 votos (49,08%). O segundo colocado,
Jean Carlos dos Santos alcançou 9.868 votos (34,53%) e o terceiro, Flávio
Correia, conseguiu 4.683, o equivalente a 16,39% dos votos válidos.
Em
2011, com a morte do então deputado federal do Partido dos Trabalhadores Eduardo Valverde no dia
11 de março daquele ano, Sônia passou a responder pelo partido de forma interina.
Já em 2012, de forma consensual foi eleita como presidente estadual do PT em
Rondônia. Entre 2014 e 2015, Sônia Cordeiro atuou como presidente da Associação
Rondoniense de Municípios (AROM) e na entidade representou o interesse dos 52
municípios do Estado. Além disso, antes de ser prefeita, Sônia chegou ao posto
de vice-presidente das APAE’s no Estado de Rondônia, atuando assim em várias
esferas.
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A implantação do SENAC teve o apoio da gestão da prefeita Sônia Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro |
Durante
o seu mandato (que foi de 1º de janeiro de 2013 a 21 de dezembro de 2015),
Sônia realizou diversas ações, muitas delas com o apoio do Governo do Estado e
outras graças a emendas parlamentares. A implantação de um campus do Instituto
Federal de Rondônia em Jaru, por exemplo, só foi possível em virtude da doação
do antigo terreno da Expoaja que sua gestão fez ao IFRO. As unidades locais do
SENAC e SENAI também só vieram para Jaru após a concretização do apoio do município
no mesmo caminho. Dentro do campo educacional, a doação de 10 alqueires de
terra para que a Escola Família Agrícola (EFA) Dom Antônio Possamai pudesse construir o seu prédio, cedência de equipamentos à EFA, além da
abertura da estrada que liga o estabelecimento de ensino à RO-463 (antiga
Linha 623), foi imprescindível para que a EFA pudesse ter o mínimo de condições de
iniciar as suas atividades.
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Prefeita Sônia Cordeiro (à esquerda) e o governador Confúcio Moura na assinatura da ordem de serviço das obras de saneamento básico no dia 20 de março de 2015 (Foto: Elias Gonçalves) |
Quando
o assunto é a zona urbana do município de Jaru, Sônia Cordeiro cita a desapropriação
de áreas que alagavam durante o período chuvoso para a construção da Praça da
Baixada, obra feita com parceria do Estado e contrapartida da Prefeitura. Em quase
três anos de mandato foram feitos mais de 80 km de asfalto, regularização do Setor
Chacareiro, concurso público, convênio para socialização de apenados,
implantação do projeto Bombeiro Mirim, arborização de parte da zona urbana com
ipês, reformas e ampliações em escolas e Unidades Básicas de saúde (UBS), implantação
do PROMED para garantir mais recursos diretamente na conta das escolas
municipais, criação do Programa Municipal de Alimentação Escolar (PMAE), compra de ambulâncias, regularização
da parte urbana dos distritos de Bom Jesus, Santa Cruz da Serra e Tarilândia, implantação
de rede computadorizada (interfaces) com todas as secretarias, monitoramento de
pontos estratégicos da cidade em parceria com a Associação Comercial e
Industrial de Jaru (ACIJ), entre outras ações.
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O projeto Bombeiro Mirim foi realidade na gestão (Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro) |
Durante
os dois primeiros anos de mandato, a gestão de Sônia Cordeiro teve um relacionamento
harmônico com o poder legislativo. Projetos do Executivo que dependiam da apreciação
dos vereadores foram aprovados pela Câmara Municipal e as ações que a gestão
queria implantar no município conseguiram ir adiante. Todavia, após vir a
público um suposto pedido de propina do presidente da Câmara, Valdecir Orlandini, o clima se tornou insustentável. Em 20 de maio de 2015, Orlandini foi preso pela Polícia Civil em flagrante, acusado de receber propina. Pouco mais de um mês antes,
em 06 de abril do mesmo ano, a Câmara chegou a apreciar o afastamento da prefeita em
virtude de supostas práticas ilegais em um leilão de bens inservíveis. Porém, mesmo
com o placar desfavorável de 8 a 7, Sônia foi mantida no cargo, pois seriam necessários
dez votos para afastá-la e, com isso, a oposição não conseguiu o que queria naquele momento. Em 2015, além da presidência do legislativo local,
havia suspeita de que outros parlamentares mirins teriam pedido propina à prefeita e quatro deles foram investigados
pela Polícia Civil por estarem na lista de possíveis destinatários de uma hipotética
solicitação de vantagens indevidas.
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Sônia em visita ao gabinete do então deputado federal Padre Ton (Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro) |
Entretanto,
Sônia Cordeiro não terminou o mandato para qual fora eleita em 07 de outubro de
2012, pois a mesma acabou sendo afastada em setembro de 2015 e depois cassada de
forma definitiva no dia 21 de dezembro daquele ano pela Câmara Municipal de
Jaru. À época, a cassação teve o placar de 11 a 1, em virtude da prefeita ser
suspeita de não ter seguido totalmente as regras que regiam o Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre a Prefeitura de Jaru e o Ministério
Público. Pelo que havia sido acordado, a licitação dos ônibus escolares deveria
exigir até 12 anos de tempo máximo de uso da frota que faria o transporte
escolar. Acontece que o município fez todo o processo licitatório e a licitação
acabou dando “deserta”, pois, nenhuma empresa apresentou veículos no período de
utilização exigido. A explicação da
então prefeita foi que a licitação acabou sem êxito, pois nenhuma empresa
possuía frota conforme descrito no certame. Além disso, não havia recurso próprio e nem
federal, pois fugia da pactuação do certame do estado a tal exigência.
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A Avenida Dom Pedro I ficou mais bonita após o plantio dos ipês floridos (Foto: Acervo Pessoal de Sônia Cordeiro) |
Sabe-se
que é dever do município transportar a classe discente. Como não foi possível realizar
de forma plena a licitação, houve uma mudança no período de utilização dos
ônibus escolares para 16 anos. Com isso, a Câmara Municipal de Jaru acabou
classificando o ato como uma suposta fraude e cassou o mandato da prefeita em
duas ocasiões: na primeira delas Sônia alegou que teria havido cerceamento de
defesa e a Justiça lhe deu causa ganha. Porém, a Câmara – onde, na época, a
maioria dos parlamentares eram de oposição – cancelou a sessão que havia
cassado a prefeita e lhe deu chances de defesa, entretanto o resultado já
estava sacramentado e Sônia Cordeiro acabou perdendo o mandato em que fora
legitimamente eleita. Sônia justifica que sua cassação foi injusta, uma vez que
posteriormente acabou sendo inocentada da suposta fraude, o grande motivo que culminou com o afastamento definitivo do cargo para qual fora eleita por quase
metade da população jaruense apta ao voto.
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