Sílvio Gonçalves de Farias nasceu em 12 de agosto
de 1923 na cidade de Ubá, em
Minas Gerais, terra do sempre tão reverenciado Ary Barroso. A
sua morte ocorreu no ano de 1978 em dia e mês desconhecidos.
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Capitão Silvio em registro feito pelo INCRA de Rondônia (Fonte: INCRA) |
Capitão Sílvio não criou a graça e as sutilezas das
músicas de seu conterrâneo Ary Barroso, mas em ação conjunta com seus
companheiros de Incra, criou, e ampliou uma estrutura agrária bem desenhada, e
impregnada de grande justiça social: terras para quem conhece o “cheiro da
terra”, terra para os homens que com suas mãos souberam arrancar de seus lotes,
não somente o seu sustento, mas principalmente, souberam construir a vigorosa
agropecuária de Rondônia.
Antes de chegar ao Incra foi abrigado na hermética
sigla DFZ-04, do extinto Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA),
sediada em Porto Velho. Percorreu, como
profissional da topografia que era, as linhas demarcatórias como profissional
do Serviço Geodésico do Exército. Depois
passou a semear centenas de campos de pouso, sob a orientação da Comissão de
Aeroportos da Região Amazônica (Comara), arrancando do isolamento, vilarejos,
pequenos burgos, agrupamentos indígenas, perdidos na imensidão da floresta
tropical. Daí o seu profundo conhecimento teórico e, sobretudo prático,
conhecimento adquirido no campo, através de penosas caminhadas de topógrafo,
conhecimento e verdadeira paixão e fixação pelos mapas.
Capitão Sílvio era casado com Dona Terezinha, com
quem teve três filhos: Sílvia (aeromoça e depois instrutora da Varig), Sílvio
(comerciante) e Evaldo (advogado). Ainda teve tempo para agasalhar o filho
adotivo Rubens que, segundo informações, permanece em Rondônia. Nas lutas
para definir a estrutura agrária de Rondônia, o Capitão Sílvio abraçou a causa
dos seringalistas; os pioneiros que com as atividades extrativistas da coleta
do látex da seringueira, da coleta dos ouriços da castanha-do-pará, das peles
de animais silvestres, resguardaram nossas fronteiras e deram sentido econômico
às florestas da Amazônia sem lhes causar maiores danos. Eram atividades
pontuais, que envolviam um pequeno número de trabalhadores extrativistas e que
não causaram maiores danos ao meio ambiente.
O fato de apoiar os seringalistas fez com que
Capitão Sílvio tivesse muita dificuldade na regularização (venda/compra) da
gleba do Seringal Nova Vida que à época pertencia a Emanuel Pontes Pinto e
irmãos para o grupo de João Arantes Filho que chegava a Rondônia. Uma das
razões que levou ao confronto o Capitão Sílvio com o Grupo dos Arantes foi a
destinação que os compradores deram à gleba de terras: pecuária. As centenas de
milhares de hectares de terras do “Nova Vida”, eram de excelente qualidade, e
entendia o Capitão Sílvio, que elas deveriam ser voltadas para a ocupação por
pequenos agricultores, vocacionados para a produção de alimentos e não para
criar bois. Nesse período, Capitão Sílvio Gonçalves de Farias “bate de frente”
com as coisas que ele considerava como irregulares e resolve proteger o
interesse dos colonos.
Uma das mais notáveis contribuições do Incra e do
falecido Capitão Sílvio Gonçalves Farias foi a parceria montada com a Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). A Ceplac desenhou com o Incra
a estrutura fundiária da cacauicultura de Rondônia. Destinou aos parceleiros
dos Projetos Integrados de Colonização (PIC’s), que recebiam lotes de 100 hectares, uma área
de plantio de cacau de 10
hectares, era o módulo familiar. O desenho da estrutura
agrária cacaueira foi criado pelos agrônomos Assis Canuto do Incra e Frederico
Monteiro Álvares Afonso, da Ceplac, apoiados pela concepção cartográfica do
Capitão Sílvio, do projeto Fundiário do Incra.
A homenagem que Rondônia fez ao Capitão Sílvio
Gonçalves de Farias ainda está muito aquém de sua importância para o desenvolvimento
do Estado. Embora haja 52 municípios, nenhum possui o seu nome. Em Ariquemes
tem uma rua com o nome de Capitão Sílvio Gonçalves de Farias, a principal via
de acesso à cidade, uma lembrança do ex-prefeito Francisco Sales. Em Jaru,
município localizado a cerca de 290 quilômetros de Porto Velho, Capital do
Estado de Rondônia, existe uma escola com o mesmo nome e que será tratada a
seguir pela reportagem.
A Escola Capitão Sílvio
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Frente da escola em 2002 (Foto: Acervo da escola) |
A Escola Capitão Sílvio de Farias remonta aos
tempos de avanço da construção do município de Jaru e tem se tornado, desde
então, referência tradicional, em vista do tempo de funcionamento, da
quantidade de alunos que abrange e dos resultados educacionais alcançados. É a
segunda instituição mais antiga da cidade e inicialmente era um estabelecimento
de ensino municipal. Ela foi criada através de uma solicitação da Secretaria
Municipal de Educação e Cultura (Semec) de Ariquemes, por meio do Decreto
1121/80, com o nome de Escola de 1.º e 2.º Graus Capitão Sílvio de Farias.
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Frente da escola em 2012 (Foto: Elias Gonçalves) |
A escola foi construída no mesmo local onde está
funciona atualmente. A Semec de Ariquemes, orientada pelo Parecer 02/76-CTE/RO
e por meio do Ofício 408/81, solicitou a autorização de funcionamento, mas a
instituição funcionou sob a tutela municipal por apenas um e, desde então, faz
parte do quadro estadual. Parte dos estudantes, principalmente de 5.ª a 8.ª
Séries, era composta por aqueles que estavam sendo transferidos do antigo
prédio da Escola Plácido de Castro (no local onde funciona a Escola Olga
Dellaia), quando a mesma migrara para o novo prédio (agora localizado à Avenida
Plácido de Castro com a Dom Pedro I).
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Frente da escola Capitão Silvio em 2017, quando a instituição passou a oferecer o ensino médio integral (Foto: Elias Gonçalves) |
Em 27 de novembro de 1981, o documento n.º
153/81-CTE/RO autorizou o funcionamento até 1983, permitindo o 1.° Grau de 1.ª
a 8.ª Séries e o 2.º Grau na modalidade Magistério. No ano de 1991, o
Magistério foi extinto na instituição, sendo substituído pelo Colegial,
posteriormente conhecido apenas como Ensino Médio.
Em 2017, a escola estadual Capitão Silvio entrou em
uma nova era educacional com a implantação do ensino em tempo integral no
estabelecimento de ensino por meio da Lei Complementar nº 940, de 17 de abril
de 2017. A Lei sancionada pelo então governador Confúcio Moura instituiu o
Programa Escola do Novo Tempo no âmbito do Estado de Rondônia em dez unidades
escolares. Além do ensino médio, para o ano letivo de 2024, a escola passou a oferecer o ensino fundamental em tempo integral também aos alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.
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Frente a escola em 31 de janeiro de 2020 (Foto: Elias Gonçalves) |
Segundo informações divulgadas pelos governos
estadual e federal nas escolas que
fazem parte do Programa Escola Novo Tempo os alunos permanecem 9h30 minutos na
unidade de ensino, sendo que 7h30 são de efetivo trabalho pedagógico e as
outras 2 horas estão divididas entre horário de almoço e intervalos programados
no período da manhã e da tarde. O currículo de Educação Integral da Escola do Novo Tempo segue a base
curricular nacional comum com reforço escolar em Língua Portuguesa e Matemática. Inclui ainda disciplinas de conhecimento
regional: Geografia e História de Rondônia. Além de ser integradora que é parte
diversificada. ‘‘O programa trabalha em cima das primícias do protagonismo
juvenil e da corresponsabilidade social com base na pedagogia da presença’’.
A parte diversificada do programa de Ensino Médio em tempo integral contempla
disciplinas como:
Projeto de Vida: O
aluno, com apoio de um professor orientador, constrói o projeto de vida e desta
forma compreende a importância dos estudos para alcançar objetivos.
Estudo Orientado: Nesta
disciplina, o estudante recebe reforço em determinado conteúdo que apresente
dificuldade ou que queira ampliar os conhecimentos.
Avaliação Semanal: São
provas preparatórias para servir como testes para o Enem, concursos e outros
processos avaliativos.
Práticas Experimentais: São as disciplinas realizadas em laboratórios com ênfase em
química, física e biologia.
Disciplinas Eletivas: Onde os alunos escolhem o tema que querem estudar de acordo com a área
de interesse profissional. São disciplinas que mudam a cada semestre.
Pós-Médio: Disciplina
que os alunos vão identificar seus objetivos após o Ensino Médio e serão
orientados a como se preparar para o Ensino Superior e/ou para o mercado de
trabalho.
A primeira turma da escola se formou no fim do ano
de 2019 e a instituição considerou os resultados alcançados de forma positiva.
Já no início do ano letivo de 2020, o estabelecimento de ensino abriu vagas
para o 9º ano do ensino fundamental, garantindo assim a oportunidade a inúmeros
estudantes no campo educacional.
*Este texto foi elaborado com informações dos
governos do Estado de Rondônia e da República Federativa do Brasil e do
discurso feito pelo deputado federal Nilton Capixaba no dia 17 de agosto de
2005. Leia o pronunciamento feito pelo deputado clicando aqui: