Vista aérea de Jaruaru em junho de 2021 (Foto: Maico Gean do Carmo) |
Situado no km 85 da Linha 627, o - hoje - subdistrito faz parte do assentamento do Projeto Jaruaru que, em seu início, se localizou a alguns quilômetros antes. Em 13 de maio de 1994 foi o dia da decisão para formar esta vila do povoado jaruaruense. A localidade recebeu também o nome Acabajá e, segundo registra Silva (2010, p. 59), tal denominação “deve-se ao fracasso da instalação do Projeto Jaruaru, cujo objetivo era de que fosse planejada uma cidade para atender aos moradores da região”. Um detalhe a ser considerado é que, de acordo com a Lei que criou o subdistrito em 2004, a grafia do nome do lugar é Jaruaru, mas ao se referir à instituição de ensino deve-se utilizar “Escola D’ Jaru-Uaru”. Em 02 de março de 2022, ao sancionar a Lei nº 3135, que definiu o perímetro urbano do subdistrito, a Prefeitura de Jaru, também utilizou a grafia Jaru-Uaru para se referir ao local.
Ao apresentar os motivos que
culminaram com o fracasso do Projeto Jaruaru, Silva (2010, p. 59) destaca “fatores
como doenças tropicais, falta de apoio governamental e as terras não muito
férteis, além da falta de perspectiva de trabalho”. Conforme prossegue Silva,
“mesmo com essas dificuldades, percebe-se um povo trabalhador e acolhedor”, diz
se referindo à população de Jaruaru.
Os limites geográficos do
subdistrito estão descritos no Artigo 3º da Lei Municipal 747/GP/2004, de 29 de
junho de 2004. Conforme aponta o texto sancionado à época, o ponto inicial ficou
definido como sendo no cruzamento do limite do Projeto Integrado de Colonização
– PIC – Padre Adolpho Rohl com o Rio Jaru. Do ponto inicial (exclusive) segue
pelo limite do PIC Padre Adolpho Rohl e limite do Projeto de Assentamento D’ Jaru-Uaru
(inclusive) até o limite municipal Jaru / Mirante da Serra (reta que parte do
ponto das coordenadas 531300E e 8797760N até as coordenadas 512200E e 8780700N)
no Ribeirão Trincheira. Deste ponto segue em linha reta até o Ribeirão
Trincheira no ponto das coordenadas 512200E e 8780700N (limite Jaru / Mirante
da Serra. Em seguida, sobe por este ponto na cabeceira do ponto de coordenadas
499094E e 8779612N (limite Jaru / Mirante da Serra). Logo após, segue pelo
divisor de águas dos rios Urupá / Jaru até a linha de cumeada da Serra do
Mirante, limite entre Jaru e Mirante da Serra. O passo seguinte é seguir pela
cabeceira do Rio Jaru no ponto das coordenadas 483410E e 8776080N (limite Jaru
/ Mirante da Serra). Logo após, desce o Rio Jaru (limite Jaru / Governador
Jorge Teixeira) até o local do ponto inicial.
O nome Jaruaru foi dado como
referência aos povos indígenas Uru-Eu-Wau-Wau, antigos moradores da região.
Ainda existe uma aldeia deles na localidade, a Alto Jaru, e se situa a
aproximadamente quatro quilômetros da parte urbanizada de Jaruaru. A nação
indígena tem suas terras protegidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e,
quando necessário, eles vão ao subdistrito e a cidades circunvizinhas. Na
escola do subdistrito há alunos indígenas que estudam junto com os demais
discentes. Não usam trajes típicos e são reconhecidos por suas características
físicas e pelos nomes que são dados de acordo com a cultura a que pertencem.
Enfim, fora de suas terras, são pessoas iguais às outras e possuem os mesmos
direitos e deveres.
A fundação de Jaruaru foi de grande
importância para os primeiros homens brancos que vieram para o local e
começaram a abertura das terras formando lotes e chácaras com plantações. Ainda
não existia a vila, mas mesmo assim havia transporte que conduzia as pessoas
nas idas e vindas a Jaru e Tarilândia.
Os sitiantes, quando chegavam ao
quilômetro 85 tinham que deixar o ônibus e prosseguir a viagem a pé e ainda com
as compras pesadas nas costas. Então os senhores Paulo Fernandes e Carlos
Morgante, juntos com demais companheiros, que tinham conhecimento de administração,
sensibilizaram-se com o problema. Chamaram o povo e, numa reunião com opiniões
e sugestões das pessoas presentes, compraram treze alqueires de terra, que na
época eram do lote da senhora Edinalva dos Santos. Para a compra, ficou
decidido que quem doasse duas sacas de feijão, teria o direito de ter uma data
no projeto. Cinco alqueires e meio dessas terras foram cortados em chácaras e
os outros sete e meio foram divididos em datas (pequenos terrenos). Assim foram
aparecendo as primeiras casas e alguns comércios em Jaruaru. Surgiram igrejas,
campo de futebol e no ano de 2003, a Escola Municipal D’ Jaru-Uaru começou a
funcionar.
Os primeiros comerciantes foram o
senhor Valmir, seu Anísio e seu Edivaldo. Logo em seguida, veio para Jaruaru,
um comerciante bem mais forte em comparação aos primeiros. Era o senhor Josué
Crisóstemos. Ele abriu um comércio de secos e molhados e o nome de seu mercado
era “Comercial Paraguai II”, porque ele já tinha a matriz em Tarilândia. Foi
através dele que o povo de Jaruaru teve mais facilidades para fazer suas
compras, pois ele abastecia o povoado com muitos produtos, tais como gêneros
alimentícios, combustíveis, entre muitos outros.
Seguindo o percurso da história,
veio trabalhar o senhor Josué, além do senhor Antônio Mariano Filho com a
família. Após um ano e meio, Josué desistiu de Jaruaru e vendeu seu comércio
para Antônio, o popular Toninho. Por acreditar no crescimento de Jaruaru, o
prédio foi renovado e ampliado. Com o apoio de autoridades administrativas
colocou um telefone fixo para servir ao povo. Em seguida Toninho fez a parceria
com alguns comércios de Jaru e Tarilândia que o ajudaram a manter seu
empreendimento por muito tempo. Vendedores viajantes começaram a vir e negociar
os seus produtos diretamente com ele. “Toninho” mudou o nome do mercado para Comercial Treze de Maio. Assim, Jaruaru
foi melhorando e vieram outros comerciantes.
A zona urbana de Jaruaru situa-se,
segundo Silva (2010, p. 59), “a quatro quilômetros da Aldeia Djaí (Alto Jaru)”.
A pequena distância da área indígena faz com que seja comum a presença de
pessoas pertencentes à etnia Uru-Eu-Wau-Wau no subdistrito para comprar
mercadorias, alimentos, bem como possibilitar aos índios que assim desejam fazer
outras atividades. É comum a presença de crianças e adolescentes indígenas na
Escola D’ Jaru-Uaru, embora o Estado ofereça o ensino em todas as aldeias,
porém, em uma metodologia bem específica.
A parte urbanizada de Jaruaru conta
com empreendimentos comerciais, entre eles: postos de saúde, de
combustível e de medicamentos, bares, quatro igrejas, uma escola pública com quadra
poliesportiva coberta, oficinas mecânicas, empresas de produtos agropecuários e
de gêneros alimentícios, uma mini academia montada pelo Governo do Estado, lojas
de confecções e produtos de beleza, além de várias residências.
Um estudo feito pela Divisão de
Endemias da Prefeitura de Jaru em outubro de 2019, apontou que no espaço
urbanizado de Jaruaru haviam ao todo 13 quadras, 84 residências, 30 comércios,
18 terrenos baldios e 13 edificações destinadas a órgãos públicos, igrejas e
associações.
A área urbanizada do subdistrito
apresenta ares de um pequeno vilarejo, onde o cenário do campo se contrapõe com
o da cidade em um formato harmonioso. Em 2021, não há um palmo de asfalto, mas
isso não é um empecilho para impedir o entusiasmo do povo que sonha com dias
melhores.
O subdistrito de Jaruaru conta com quatro igrejas na zona urbana. A Igreja Católica Apostólica Romana é representada pela Comunidade Santo Antônio. Há ainda um templo da Assembleia de Deus, um da Igreja Batista Brasileira e outro da Congregação Cristã no Brasil.
Até outubro de 2020, a zona rural de Jaruaru contava com três igrejas diferentes. A Assembleia de Deus aparece em primeiro lugar com cinco congregações nas linhas pertencentes ao subdistrito. Há também um templo da igreja Batista do 7º Dia e outro da Adventista do 7º Dia, sendo esse último situado na Linha 628, em frente ao local onde há um travessão para o subdistrito. Os templos religiosos existentes na região de Jaruaru contam com dirigentes na localidade, mas são de responsabilidade de igrejas sediadas em Tarilândia.
O principal esporte coletivo praticado em Jaruaru é o futebol de campo e, até o ano de 2021, há apenas uma equipe esportiva. O time tem o mesmo nome do subdistrito e é um dos destaques da região, que engloba também o distrito de Tarilândia. Até 2021, a principal conquista do time aspirante de Jaruaru ocorreu na edição de 2015 do Campeonato Rural em uma final emocionante disputada no campo do Bolicho do Macaco, em Tarilândia. A equipe de Jaruaru empatou em 1 a 1 com o time aspirante do Galo da Serra no tempo normal, mas venceu a partida por 4 a 3 e se sagrou campeã naquele ano.
Outro destaque alcançado até 2021, ocorreu no ano de 2018, quando a equipe titular foi vice-campeã ao perder pelo placar de 3 a 1 para o time titular do Galo da Serra em um jogo disputado no Estádio de Futebol Jorjão Batista, em Tarilândia.
A Escola D’ Jaru-Uaru
Frente da Escola D'Jaru-Uaru no início do ano de 2020 (Foto: Elias Gonçalves) |
Um dos sonhos almejados pelos
moradores de Jaruaru era ter um estabelecimento de ensino para atender a
demanda educacional da localidade. Pensando nisso, houve uma união da classe
política no ano de 2002 e envolveu de forma direta o prefeito da época, José
Amauri dos Santos; o ex-governador, Valdir Raupp de Matos e o então deputado
federal Confúcio Aires Moura, que estiveram na localidade no dia 26 de abril
daquele ano e assinaram a ordem de serviço para a construção do estabelecimento
de ensino. A escola foi construída no padrão que o Ministério da Educação
adotava naquele momento e se tornou desde então a única instituição em Jaru
construída nesse formato. Em apenas oito meses, o estabelecimento de ensino
ficou pronto com seis salas de aula, alojamentos, espaço administrativo,
cozinha, banheiros, uma biblioteca e um laboratório que foram entregues à
população em maio de 2003.
Escola de Jaru Uaru em registro feito no dia 26 de abril de 2011 (Foto: Elias Gonçalves) |
Em 2004 foram construídas mais seis
salas de aula para os alunos das séries finais do ensino fundamental (hoje 6º
ao 9º ano). Posteriormente a instituição ganhou muro e também uma quadra
poliesportiva para atender aos interesses da comunidade escolar. A Escola D’ Jaru-Uaru
conta também com turmas de ensino médio, através de uma parceria com o Governo
do Estado, possibilitando assim aos estudantes a chance de concluírem a
educação básica no próprio subdistrito. Os alunos do ensino médio são
matriculados na escola estadual Pedro Vieira de Melo, sediada no distrito de
Tarilândia, mas utilizam as instalações existentes na única unidade escolar que
há no subdistrito.
Vista parcial da Escola Municipal de Jaru-Uaru durante o processo de construção (Foto: Acervo Pessoal de Roseli Mariano) |
FONTE:
PEREIRA, Elias Gonçalves. A Biografia dos Distritos de Jaru (pp. 111-126). Priint Impressões Inteligentes: Cacoal, 2020.
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