Registro da parte frontal da Creche Centro Educacional de Bom Jesus no início do ano de 2020 (Foto: Elias Gonçalves) |
A Escola de Educação Infantil Centro Educacional de
Bom Jesus foi criada pelo Decreto nº 6.210/GP/2010, de 30 de março de 2010, no
segundo ano de mandato do então prefeito de Jaru, Jean Carlos dos Santos. O
estabelecimento de ensino está situado no Km 30 da Linha 610, na parte que
seria o perímetro urbano do distrito, embora a localidade não tenha passado
pelo processo de urbanização.
Parte externa do Centro Educacional de Bom Jesus no começo de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)
A escola tem como público crianças de 0 a 5 anos.
Os alunos com até 3 anos de idade fazem parte do grupo destinado à creche e
estão subdivididos da seguinte forma: Berçário (0 a 1 ano de idade), Maternal I
(1 a 2 anos) e Maternal II (2 a 3 anos). Em seguida, as crianças cursam o
Pré-Escolar I (4 anos) e II (5 anos), quando, ao encerramento do ano letivo
podem realizar a primeira formatura da educação básica. Em todas as situações,
o critério para se avançar à próxima etapa é fazer aniversário até o dia 31 de
março do ano vigente.
O
Centro Educacional de Bom Jesus tem uma grande importância para a localidade
devido ao fato de atender a clientela do distrito e das linhas 610, 608, 612 e
614. A instituição é a única no local que oferece um serviço de creche às mães
que trabalham diariamente bem como aquelas que desenvolvem atividades laborais
em época de colheita das lavouras de café e cacau e não têm com quem deixar
seus filhos, funcionando assim como um suporte seguro para a comunidade
escolar. O Pré-Escolar ofertado aos alunos é de suma importância para o
ingresso das crianças no ensino fundamental, pois, conforme defende os
profissionais do estabelecimento de ensino, é na educação infantil que se
constrói uma base sólida para um futuro seguro em termos de conhecimento
cognitivo.
O
distrito de Bom Jesus
Vista aérea parcial de Bom Jesus (Foto: Maico Gean do Carmo)
Além de criar o distrito, o artigo 4º da Lei
Municipal 747/GP/04, delimitou a abrangência geográfica do povoado de Bom
Jesus. O ponto inicial é na Foz do Igarapé do Paraíso no Rio Jaru (Limite Jaru
/ Vale do Paraíso). Em seguida sobe o Igarapé Paraíso até a divisa com Ouro Preto
do Oeste chegando ao Igarapé Bom Jardim. O passo seguinte é fazer o percurso do
Igarapé Bom Jardim até o Rio Jaru e descer o Rio Jaru (limite Jaru / Theobroma)
até o ponto inicial.
Construído inicialmente no Km 28 da Linha 610 (RO-466) em
Jaru, Bom Jesus permaneceu pouco tempo no lugar onde começou o que seria a sua
parte urbana. José Primo de Assis chegou à região no ano de 1979 e diz que o
motivo de se mudar para o Km 30 da respectiva linha foi devido ao pequeno
volume de água do rio à época em que o local foi desbravado. Raimundo Vieira da
Silva é outro pioneiro do hoje distrito e ali chegou em 1973 em meio a tantos
desafio e conhece como poucos a formação histórica da localidade.
Com a mudança para o novo local, uma das primeiras
decisões a serem tomadas foi planejar o perímetro urbano do distrito. Conforme
explicam os pioneiros, na década de 1980, a princípio o poder público iria
comprar dos moradores uma parte de cada lote e assim formar a parte da cidade.
Todavia, muitos deles acreditam que foram enganados, uma vez que para que a
construção do setor urbano fosse feita cada um dos pioneiros Dorvalina Silva
Souza, José Primo de Assis, Adneu Alexandre Correia e Hilário tiveram doaram
quatro alqueires de terra, totalizando dezesseis alqueires doados.A Lei nº 747 de 2004 criou os distritos
de Bom Jesus, Santa Cruz da
Serra e Tarilândia, além do
subdistrito de Jaru-Uaru
(Foto: Prefeitura de Jaru)
A viagem da BR 364 ao distrito é feita por estrada
de chão, mas é possível chegar à localidade em menos de uma hora. Contudo, no
fim dos anos 1970, gastava em torno de um dia entre a única rodovia federal do
Estado e o lugar onde anos depois seria o distrito, pois os desafios eram
enormes para quem tivesse a coragem de andar com o “cacaio” nas costas.
Em 2020, Bom Jesus conta com pequenos comércios,
bares, restaurante, uma unidade escolar de educação infantil, além de um
estabelecimento de ensino fundamental e médio, sendo este pertencente ao quadro
estadual e uma unidade da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado (Idaron)
para atender aos produtores rurais. A
escola estadual Marechal Costa e Silva é a única unidade escolar que atenda aos
ensinos fundamental e médio e funciona em prédio próprio.
Dorvalina Silva Souza chegou a Bom Jesus em 1975 e
declara que o primeiro morador a construir uma casa na parte urbana se chamava
Constantino. Segundo ela, Constantino vendeu um lote que possuía na Linha 608
para fazer a construção da casa e de um bar, porém, o comércio não deu
resultados e o proprietário acabou deixando a região.
Antes de falecer em 06 de janeiro de 2018, o
ex-vereador Florisvaldo Simões de Oliveira, conhecido popularmente como Louro,
concedeu entrevista ao escritor Elias Gonçalves e disse que o primeiro cidadão a administrar o
distrito foi Gentil Machado de França. Em seguida o distrito foi administrado por
Luiz Alves Leite. Entre outros administradores do distrito é possível identificar
os seguintes nomes: Genésio, Diocélio Nogueira, Romeu Mota, Cleder Souza
Farias, Givanildo (Zé Preto), Adilson, Ronaldo Souza Farias, além do próprio
Louro e Cleder Rodrigues de Oliveira, responsável pela administração do
distrito no momento em que este texto foi produzido (2020).
Religiosidade
Templo da igreja Assembleia de Deus
localizado no centro de Bom Jesus
(Foto: Elias Gonçalves)
A religiosidade na região de Bom Jesus é expressa
de forma harmônica. Na área central do distrito há três igrejas evangélicas:
Assembleia de Deus, Adventista do 7º Dia e Batista Nacional. Ambas estão
situadas à Avenida Amazonas e a distância mínima que existe entre elas não
causa nenhum tipo de empecilho para anunciar o Evangelho, conforme a regra de
fé que predomina em cada uma. A Assembleia de Deus é a maior denominação
religiosa e conta com um total de oito templos na região. A Congregação Cristã
no Brasil também está presente, mas, o seu templo, embora seja na zona urbana, fica um ponto distante da área central do distrito. A Igreja Católica Apostólica Romana é representada pela
Comunidade São João Paulo II no centro do distrito, além de outras comunidades
nas linhas e estradas vicinais.
Hidrografia
Rio São João nas proximidades da Comunidade
São Paulo na Linha 610 durante o período de
chuvas (Foto: Elias Gonçalves)
A bacia hidrográfica do distrito de Bom Jesus é
formada por quatro rios principais: Três Voltas, Caldeirão, São João e Serra
Verde. O Três Voltas passa pelas Linhas 612 e 610 até chegar ao Rio Jaru. O rio
Caldeirão “corta” a Linha 610 e é um afluente do Serra Verde. Esse, por sua vez,
do Rio Jaru. O São João atravessa as linhas 614, 612, 610 e 608 até entregar as
suas águas ao Rio Jaru, assim como acontece com os demais rios do município. Há
ainda alguns riachos e igarapés, porém pelo pequeno volume de água, muitos
deles deixam de existir em alguma parte durante o período de estiagem,
predominando assim os de maior volume aquático.
Normalmente no período chuvoso é comum os rios existentes
na região transbordarem em todo o leito. Porém devido a fatores geográficos e
também pela forma como o local foi desbravado pelo homem branco não há
registros de casos em que a cheia tenha causado um dano maior à população
residente em Bom Jesus.
Predominância
rural
Em 2015 ocorreu a 3ª Exposição de Bom Jesus, movimentando o distrito de forma grandiosa
(Foto: Gráfica Opção)
Cleder Rodrigues de Oliveira, filho do ex-vereador
e administrador distrital, Florisvaldo Simões de Oliveira, nasceu na região
geograficamente abrangida pelo distrito e cresceu acompanhando os seus
familiares nos eventos ali realizados. Traz consigo uma boa recordação de tudo
o que viu acontecer e como cada coisa conseguiu moldar a localidade de uma
forma singular e a contribuição dada para a formação histórica de Bom Jesus.
Em 2007, com a organização de uma associação
liderada por Darci Fernandes, ocorre uma festa de rodeio que marcou
positivamente o distrito devido ao fato de contar com os melhores peões do
Estado. A segunda edição do evento ocorreu em 2009 e, no ano seguinte, a
terceira. Porém, para promover uma associação ao nome do distrito, desde 2013,
o nome foi mudado para Expobom – Exposição Agropecuária de Bom Jesus. Diversas
pessoas contribuíram de forma direta e também indiretamente. A Expobom ganhou
projeção e atingiu patamares elevados. Desde então, o campeão do rodeio garante
uma vaga na Exposição Agropecuária de Ariquemes, a Expoari. A Associação dos
Criadores de Bom Jesus (ACBJ) tem uma participação ativa nos eventos
agropecuários realizados no distrito e as atrações por ela organizadas possui
prestígio com outras entidades do ramo em todo o Estado de Rondônia.
Representação política
Louro (Fonte: Câmara Municipal de Jaru) |
Ferdinando Pandolfi (Fonte: Câmara Municipal de Jaru) |
Camilo Antônio da Costa (Fonte: Câmara Municipal de Jaru) |
O resultado das urnas em 1996
trouxe uma grata surpresa na representação legislativa de Bom Jesus. Os dois
candidatos mais votados na eleição anterior foram eleitos. Ferdinando Pandolfi
teve 417 votos e Florisvaldo recebeu o voto de 358 eleitores, sendo eleito por
média eleitoral. Em 2000, Florisvaldo recebeu 299 votos e ficou como suplente.
Mas, em 11 de novembro de 2003, faltando pouco mais de um ano para o
encerramento da quinta legislatura (2001-2004), Louro, como era conhecido em
Jaru, foi empossado na Câmara Municipal devido ao afastamento temporário do
então vereador Teobaldo Martins Pinto que havia se afastado para assumir o
cargo de secretário municipal de Agricultura.
Em 2004, ano de criação do
distrito de Bom Jesus, a localidade não conseguiu eleger nenhum representante
no poder legislativo. A eleição de 2008 apontou Pelego Pandolfi da 610 (irmão
de Ferdinando Pandolfi) como candidato mais votado na região. Pelego recebeu a
expressiva quantia de 501 votos, mas o mesmo não foi eleito. O distrito contou
com outros candidatos, mas Pelego da 610 foi o mais votado na região.
Luiz do Ônibus
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru)
Destaques
do esporte
Pioneiro na região de Bom Jesus, Florisvaldo Simões
de Oliveira (1943-2018), também foi um dos primeiros moradores a se envolver
com a área esportiva no distrito ainda na década de 1980. Seu legado é lembrado
por muitos moradores antigos, mas outras pessoas da localidade possuem um vasto
trabalhado prestado e, com a contribuição de diversos personagens importantes,
foi possível conseguir um grande destaque no campo esportivo.
O Serra Verde é uma importante equipe da Linha 612 (Foto: Edelson Penha da Silva)
Nomes como Nivaldo Pires, conhecido popularmente
como Nivaldinho – que chegou à região em 1979 e começou a se envolver com o
esporte vinte anos depois – e Marcos Vaz Mota, o Chitão, são lendas vivas que
trazem em suas memórias a história esportiva no distrito, onde se predomina o futebol
de campo, o esporte considerado como paixão nacional. Várias equipes esportivas
foram criadas ao longo da história na região de Bom Jesus: Seringal e Serra
Verde (ambas da Linha 612), Santa Helena (614), São João (610), Bom Jesus (610)
e Alvorada (608) são apenas alguns exemplos dos inúmeros exemplos que poderiam
ser citados. Durante as décadas de 1980 e 1990 existia o Campeonato Rural
disputado apenas por equipes locais. Registros da última década do século XX
apontam ainda a existência de outras duas agremiações: o Bom Jesus Futebol
Clube e Primavera Futebol Clube. Cleder Rodrigues, atual administrador do
distrito e que nasceu na região e acompanhou com o pai Florisvaldo Simões todo
o trabalho realizado juntamente com outras pessoas, relata que a equipe do
Primavera era formada por jogadores aspirantes do Bom Jesus, embora o time
tivesse o próprio uniforme e disputasse a mesma competição na região.
Informações oficiais apontam que os times tradicionais das linhas 610, 612 e
614 eram considerados grandes equipes que participavam dos torneios que
contavam com um bom apoio da torcida.
Marcos Vaz (de calça, à esquerda) com o time Bom Jesus Futebol Clube em
registro feito em 2019 (Foto: Edelson Penha da Silva)
Marcos Vaz Mota, o Chitão, chegou ao povoado de Bom
Jesus em 2001. Coincidência ou não, tempos depois houve uma mudança na forma
como as competições eram realizadas. Chitão que já era atleta em Ji-Paraná com
vários jogos disputados no Estádio Vera Cruz, em conjunto com moradores adeptos
ao esporte conseguiu realizar um grande trabalho na região. Com a mudança, o
Campeonato Rural que antes era restrito aos times de Bom Jesus é extinto e
surge o Ruralzão tendo como base a BR 364, onde as agremiações das linhas
existentes no lado direito enfrentariam aquelas do lado esquerdo e vice-versa
em seus respectivos campos. Pelas regras do campeonato, a partida final seria,
obrigatoriamente, realizada no Estádio Municipal Leal Chapelão. O nome do único
estádio existente em Jaru é uma homenagem a dois jaruenses: João Leal era
jogador no município e Raimundo Chapelão, filho de Odete Borges de Morais, a
saudosa Detinha. Informações apontam que Raimundo Chapelão era seringueiro e
considerado como uma das primeiras pessoas que trouxe uma bola de futebol para
Jaru, além de ser um grande incentivador do esporte enquanto esteve na cidade.
Nivaldinho
demonstra estar feliz pela trajetória esportiva construída no distrito de Bom
Jesus. Além de ser testemunha de muitos acontecimentos, ainda hoje não deixou o
esporte de lado. O fato de residir próximo ao campo do São João e da Comunidade
São Paulo o faz preservar as raízes religiosas e esportivas e com isso ser um
referencial na localidade mesmo em meio a muitos desafios e dificuldades.
Clique aqui e conheça a história da escola Marechal Costa e Silva, o único estabelecimento de ensino fundamental e médio do distrito de Bom Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário