segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Escolas de Jaru: EFA Dom Antônio Possamai

Dom Antônio Possamai
(Foto: www.iper-amazônia.com.br)

      Escola Família Agrícola Dom Antônio Posssamai tem  esse nome em homenagem a Antônio Possamai (1929-2018), bispo católico que, em vida, teve uma vasta folha de serviços religiosos prestados na Região Amazônica. 
     Antônio Possamai nasceu em Ascurra (SC) no dia 05 de abril de 1929. Informações contidas na biografia do religioso apontam que ele chegou em Ji-Paraná como Bispo Diocesano em 1983. Com sua chegada ao solo ji-paranaense, o local, que era apenas uma Prelazia, se transforma em Diocese e se expande de forma elevada.

Possamai chegou à região movido por vários desafios. Além de acolher o grande número de pessoas que vinham para Rondônia na década de 1980, era preciso seguir à risca sus convicções religiosas e dar uma atenção especial aos mais pobres, bem como aos povos indígenas que sofriam com a grilagem de terras provocadas pelo processo expansional da época.

Embora tenha enfrentado dezenas de desafios, o trabalho feito pelo seu antecessor em Ji-Paraná – o também Bispo Dom José Martins da Silva – foi de grande valia para o que Antônio Possamai gostaria de colocar em prática. Registros indicam que o religioso acompanhou o nascimento e o fortalecimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), Grupos de Reflexão e, claro, as Pastorais da igreja Católica na região. Informações apontam que o trabalho desenvolvido nas localidades que pertencem à Diocese de Ji-Paraná teve muitos frutos e participantes das PJ’s, como são chamadas as Pastorais da Juventude, acabaram assumindo cargos em sindicatos e outros movimentos sociais que lutam por melhorias para os menos favorecidos.

Em 1983, ainda no primeiro ano de sua chegada em Ji-Paraná, Dom Antônio Possamai foi o responsável por idealizar o Projeto Padre Ezequiel Ramim, cuja ações tem como foco buscar uma solução para a falta de saúde pública em várias esferas, a questão da educação de qualidade como um todo e a educação camponesa. O projeto teve uma grande repercussão e recebeu recursos da Alemanha para que pudesse ser colocado em prática.

Paralelamente às atividades do Projeto Ezequiel Ramim, começaram a surgir as – posteriormente – chamadas EFA’s – Escolas Família Agrícola – instituições de ensino que buscam a formação de jovens que residem na zona urbana em algo que seja próprio da realidade vivenciada por cada um deles. A ênfase dada é que filhos e filhas de agricultores possam ser capacitados para permanecerem em seus locais de origem e dali tirar o próprio sustento, evitando assim, o chamado êxodo rural.

Dom Antônio é considerado pelos seguidores da fé católica como uma voz firme que ecoou em vida e que, após a sua morte, deixou um grande legado. Por diversas vezes foi Presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sediada em Manaus. A sua luta fez com que a CNBB desmembrasse o órgão que a representa na região e fundasse a Regional Noroeste, cuja sede está situada em Porto Velho.

Dom Antônio Possamai atuou em Ji-Paraná de junho de 1983 a junho de 2007, totalizando 24 anos de serviços prestados. Ele faleceu aos 89 anos, em 27 de outubro de 2018 e, à época, era Bispo Emérito de Ji-Paraná. Seu corpo está sepultado em um túmulo localizado dentro da comunidade São José, em Ji-Paraná.

 

A Escola Família Agrícola Dom Antônio Possamai  

Prédio da EFA Dom Antônio Possamai em 04 de abril de 2015 (Foto: Elias Gonçalves)

A Escola Família Agrícola Dom Antônio Possamai está situada no km 02 da RO-463 (Linha 623), rodovia estadual que dá acesso da BR-364 ao município de Governador Jorge Teixeira.

O surgimento do estabelecimento de ensino começou com o seguinte dilema: depois de cursarem o ensino fundamental, os jovens campesinos (moradores da zona rural) praticamente ficam sem opção de estudarem em cursos que ofereçam auxílios (subsídios) técnicos para que continuem na propriedade e pratiquem uma agricultura familiar produtiva, respeitando as iniciativas organizacionais da comunidade.

Preocupados com essa situação, agricultores, agentes de pastorais da Paróquia jaruense São João Batista e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Jaru e as Associações de Produtores Rurais procuraram um modelo de escola que possibilitasse a continuação do estudo dos jovens rurais a partir do 1ª ano do Ensino Médio. Encontraram na Pedagogia da Escola Família Agrícola (EFA), essa resposta, como alternativa de educação para o meio rural, sendo modelo de escola que já existe em muitos Estados brasileiros, inclusive Rondônia, e que tem dado certo até hoje.

A ideia de implantação da EFA Dom Antônio Possamai surgiu desde os anos 1990. Aos poucos a ideia foi amadurecendo, juntamente com as comunidades, quando aos 25 de março de 2005 foi realizada a primeira Assembleia Geral de fundação da Associação da Escola Família Agrícola de Jaru e Região (AEFAJAR). Conforme registrado, o objetivo maior era implantar no município de Jaru a EFA Dom Antônio Possamai. 

O encontro foi realizado no Centro Comunitário da Paróquia de São João Batista de Jaru, onde houve a presença de aproximadamente 50 lideranças rurais e representantes das comunidades dos municípios de Jaru, de Governador Jorge Teixeira e de Theobroma, além de representantes de associações rurais, de cooperativas e do representante da Associação das Escolas Família Agrícola de Rondônia (AEFARO), o senhor Geraldo Dias Valadão, entre outros.

Nesse encontro, foi criado e aprovado o estatuto da associação e realizada a eleição de 16 (dezesseis) pessoas para o Conselho Gestor da AEFAJAR, sendo eleito o seu presidente, senhor Ricardo Gomes Araújo.  Na oportunidade, o projeto de doação foi elaborado e articulado pelo então vereador eleito Juscimar Telek (PT), ex-presidente e militante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR). Em seguida, já durante a gestão da prefeita Sônia Cordeiro de Souza, também do Partido dos Trabalhadores, foi apresentado para a Prefeitura de Jaru, que fez a doação ao STTR. Após a criação da associação AEFAJAR, o STTR doou o terreno para a AEFAJAR, dentro dos termos legais. 

Surgiu assim, a necessidade de buscar verbas para iniciar a construção do prédio. Para tanto, contou-se com o apoio de várias Comunidades Eclesiais de Bases da Paróquia São João Batista de Jaru que articulou junto ao conselho paroquial uma ajuda para a contrapartida do primeiro convênio, bem como a ajuda dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Theobroma, Governador Jorge Teixeira e de Jaru. 

Com isso, através do convênio 018/2006, foi firmado o primeiro contrato para o início das obras dos primeiros prédios e outro convênio de nº 09/2007, onde chegou-se à segunda etapa das construções de outras partes da referida EFA, sendo concluídas duas salas de aula, um refeitório, cozinha, secretaria, sala de monitores, biblioteca e dois banheiros e uma casa para funcionários, ambos adquiridos através de emenda parlamentar do então deputado federal Anselmo de Jesus Abreu (PT), ressaltando que algumas  estruturas foram adaptadas para dar início as atividades escolares no ano de 2013 com 64 educandos. Em 2016, a EFA teve a primeira formatura com 35 técnicos aptos a atuarem em suas propriedades ou no próprio mercado local. 

A EFA Dom Antônio Possamai obteve o primeiro Parecer de Funcionamento conforme nº 1126/13/CEE/RO, em 28 de janeiro de 2013. Os alunos estudam durante o dia, e, à noite, dormem nas dependências da escola, em regime quinzenal de alternâncias: 15 (quinze) dias ficam na escola; 15 (quinze) dias em casa, realizando atividades teóricas e práticas. 

Nessa perspectiva, a EFADAP propõe-se a oferecer o Curso Técnico de Nível Médio em Agroecologia, contribuindo para a elevação da qualidade dos serviços prestados à sociedade, oferecendo aos jovens do meio rural a oportunidade de retornar à sua propriedade e transformá-la em um empreendimento rentável economicamente, além do desenvolvimento solidário do campo ampliando e fortalecendo parcerias formativas e financeiras necessárias ao desenvolvimento rural. O curso tem a duração de 03 (três) anos, em que no último ano de formação, tem como foco uma clientela mínima de 320 (trezentos e vinte) educandos, proporcionando aos jovens rurais de Jaru e região um ambiente educativo fundamentado nos princípios agroecológicos e de responsabilidade, liberdade, participação e cooperação, voltados para o bem comum, tendo presente, uma educação em que as famílias tornam-se protagonistas da própria formação numa relação de constante diálogo com a escola.

Fontes consultadas:
IPER-Amazônia (iper-amazonia.com.br)
Prosas | Empreendedor - ASSOCIAÇÃO ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE JARU

domingo, 21 de janeiro de 2024

Escolas de Jaru: Centro Educacional de Bom Jesus

Registro da parte frontal da Creche Centro Educacional de Bom Jesus no início do ano de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)
 

A Escola de Educação Infantil Centro Educacional de Bom Jesus foi criada pelo Decreto nº 6.210/GP/2010, de 30 de março de 2010, no segundo ano de mandato do então prefeito de Jaru, Jean Carlos dos Santos. O estabelecimento de ensino está situado no Km 30 da Linha 610, na parte que seria o perímetro urbano do distrito, embora a localidade não tenha passado pelo processo de urbanização.

Parte externa do Centro Educacional de Bom Jesus no começo de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)

A escola tem como público crianças de 0 a 5 anos. Os alunos com até 3 anos de idade fazem parte do grupo destinado à creche e estão subdivididos da seguinte forma: Berçário (0 a 1 ano de idade), Maternal I (1 a 2 anos) e Maternal II (2 a 3 anos). Em seguida, as crianças cursam o Pré-Escolar I (4 anos) e II (5 anos), quando, ao encerramento do ano letivo podem realizar a primeira formatura da educação básica. Em todas as situações, o critério para se avançar à próxima etapa é fazer aniversário até o dia 31 de março do ano vigente.

O Centro Educacional de Bom Jesus tem uma grande importância para a localidade devido ao fato de atender a clientela do distrito e das linhas 610, 608, 612 e 614. A instituição é a única no local que oferece um serviço de creche às mães que trabalham diariamente bem como aquelas que desenvolvem atividades laborais em época de colheita das lavouras de café e cacau e não têm com quem deixar seus filhos, funcionando assim como um suporte seguro para a comunidade escolar. O Pré-Escolar ofertado aos alunos é de suma importância para o ingresso das crianças no ensino fundamental, pois, conforme defende os profissionais do estabelecimento de ensino, é na educação infantil que se constrói uma base sólida para um futuro seguro em termos de conhecimento cognitivo.

O distrito de Bom Jesus

Vista aérea parcial de Bom Jesus (Foto: Maico Gean do Carmo)

Além de criar o distrito, o artigo 4º da Lei Municipal 747/GP/04, delimitou a abrangência geográfica do povoado de Bom Jesus. O ponto inicial é na Foz do Igarapé do Paraíso no Rio Jaru (Limite Jaru / Vale do Paraíso). Em seguida sobe o Igarapé Paraíso até a divisa com Ouro Preto do Oeste chegando ao Igarapé Bom Jardim. O passo seguinte é fazer o percurso do Igarapé Bom Jardim até o Rio Jaru e descer o Rio Jaru (limite Jaru / Theobroma) até o ponto inicial.

Construído inicialmente no Km 28 da Linha 610 (RO-466) em Jaru, Bom Jesus permaneceu pouco tempo no lugar onde começou o que seria a sua parte urbana. José Primo de Assis chegou à região no ano de 1979 e diz que o motivo de se mudar para o Km 30 da respectiva linha foi devido ao pequeno volume de água do rio à época em que o local foi desbravado. Raimundo Vieira da Silva é outro pioneiro do hoje distrito e ali chegou em 1973 em meio a tantos desafio e conhece como poucos a formação histórica da localidade.

Com a mudança para o novo local, uma das primeiras decisões a serem tomadas foi planejar o perímetro urbano do distrito. Conforme explicam os pioneiros, na década de 1980, a princípio o poder público iria comprar dos moradores uma parte de cada lote e assim formar a parte da cidade. Todavia, muitos deles acreditam que foram enganados, uma vez que para que a construção do setor urbano fosse feita cada um dos pioneiros Dorvalina Silva Souza, José Primo de Assis, Adneu Alexandre Correia e Hilário tiveram doaram quatro alqueires de terra, totalizando dezesseis alqueires doados.

A Lei nº 747 de 2004 criou os distritos
de Bom Jesus, Santa Cruz da
Serra e Tarilândia, além do 
subdistrito de Jaru-Uaru
(Foto: Prefeitura de Jaru)

A viagem da BR 364 ao distrito é feita por estrada de chão, mas é possível chegar à localidade em menos de uma hora. Contudo, no fim dos anos 1970, gastava em torno de um dia entre a única rodovia federal do Estado e o lugar onde anos depois seria o distrito, pois os desafios eram enormes para quem tivesse a coragem de andar com o “cacaio” nas costas.

Em 2020, Bom Jesus conta com pequenos comércios, bares, restaurante, uma unidade escolar de educação infantil, além de um estabelecimento de ensino fundamental e médio, sendo este pertencente ao quadro estadual e uma unidade da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado (Idaron) para atender aos produtores rurais. A escola estadual Marechal Costa e Silva é a única unidade escolar que atenda aos ensinos fundamental e médio e funciona em prédio próprio.

Dorvalina Silva Souza chegou a Bom Jesus em 1975 e declara que o primeiro morador a construir uma casa na parte urbana se chamava Constantino. Segundo ela, Constantino vendeu um lote que possuía na Linha 608 para fazer a construção da casa e de um bar, porém, o comércio não deu resultados e o proprietário acabou deixando a região.

Antes de falecer em 06 de janeiro de 2018, o ex-vereador Florisvaldo Simões de Oliveira, conhecido popularmente como Louro, concedeu entrevista ao escritor Elias Gonçalves e disse que o primeiro cidadão a administrar o distrito foi Gentil Machado de França. Em seguida o distrito foi administrado por Luiz Alves Leite. Entre outros administradores do distrito é possível identificar os seguintes nomes: Genésio, Diocélio Nogueira, Romeu Mota, Cleder Souza Farias, Givanildo (Zé Preto), Adilson, Ronaldo Souza Farias, além do próprio Louro e Cleder Rodrigues de Oliveira, responsável pela administração do distrito no momento em que este texto foi produzido (2020).

Religiosidade

Templo da igreja Assembleia de Deus
localizado no centro de Bom Jesus
(Foto: Elias Gonçalves)

A religiosidade na região de Bom Jesus é expressa de forma harmônica. Na área central do distrito há três igrejas evangélicas: Assembleia de Deus, Adventista do 7º Dia e Batista Nacional. Ambas estão situadas à Avenida Amazonas e a distância mínima que existe entre elas não causa nenhum tipo de empecilho para anunciar o Evangelho, conforme a regra de fé que predomina em cada uma. A Assembleia de Deus é a maior denominação religiosa e conta com um total de oito templos na região. A Congregação Cristã no Brasil também está presente, mas, o seu templo, embora seja na zona urbana, fica um ponto distante da área central do distrito. A Igreja Católica Apostólica Romana é representada pela Comunidade São João Paulo II no centro do distrito, além de outras comunidades nas linhas e estradas vicinais.

Hidrografia

Rio São João nas proximidades da Comunidade
São Paulo na Linha 610 durante o período de
chuvas (Foto: Elias Gonçalves)

A bacia hidrográfica do distrito de Bom Jesus é formada por quatro rios principais: Três Voltas, Caldeirão, São João e Serra Verde. O Três Voltas passa pelas Linhas 612 e 610 até chegar ao Rio Jaru. O rio Caldeirão “corta” a Linha 610 e é um afluente do Serra Verde. Esse, por sua vez, do Rio Jaru. O São João atravessa as linhas 614, 612, 610 e 608 até entregar as suas águas ao Rio Jaru, assim como acontece com os demais rios do município. Há ainda alguns riachos e igarapés, porém pelo pequeno volume de água, muitos deles deixam de existir em alguma parte durante o período de estiagem, predominando assim os de maior volume aquático.

Normalmente no período chuvoso é comum os rios existentes na região transbordarem em todo o leito. Porém devido a fatores geográficos e também pela forma como o local foi desbravado pelo homem branco não há registros de casos em que a cheia tenha causado um dano maior à população residente em Bom Jesus.

Predominância rural

Em 2015 ocorreu a 3ª Exposição de Bom Jesus, movimentando o distrito de forma grandiosa
(Foto: Gráfica Opção)

Por ser um lugar predominantemente rural, há várias ações tipicamente voltadas ao chamado “homem do campo”. O distrito contou por vários anos com uma unidade de atendimento da Emater – RO, a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia e, em 2020, tem em sua parte urbana um escritório da Idaron – RO, a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia. O saudoso João Batista de Souza (1956-2016), conhecido como Bala de Prata foi um dos idealizadores de eventos agropecuários que marcou positivamente a vila de Bom Jesus ainda no século XX, uma vez que a localidade só passou de fato a ser um distrito apenas em 29 de junho de 2004.

Cleder Rodrigues de Oliveira, filho do ex-vereador e administrador distrital, Florisvaldo Simões de Oliveira, nasceu na região geograficamente abrangida pelo distrito e cresceu acompanhando os seus familiares nos eventos ali realizados. Traz consigo uma boa recordação de tudo o que viu acontecer e como cada coisa conseguiu moldar a localidade de uma forma singular e a contribuição dada para a formação histórica de Bom Jesus.

Em 2007, com a organização de uma associação liderada por Darci Fernandes, ocorre uma festa de rodeio que marcou positivamente o distrito devido ao fato de contar com os melhores peões do Estado. A segunda edição do evento ocorreu em 2009 e, no ano seguinte, a terceira. Porém, para promover uma associação ao nome do distrito, desde 2013, o nome foi mudado para Expobom – Exposição Agropecuária de Bom Jesus. Diversas pessoas contribuíram de forma direta e também indiretamente. A Expobom ganhou projeção e atingiu patamares elevados. Desde então, o campeão do rodeio garante uma vaga na Exposição Agropecuária de Ariquemes, a Expoari. A Associação dos Criadores de Bom Jesus (ACBJ) tem uma participação ativa nos eventos agropecuários realizados no distrito e as atrações por ela organizadas possui prestígio com outras entidades do ramo em todo o Estado de Rondônia.

Representação política

Louro 
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru)
Até a eleição de 2016, o distrito de Bom Jesus elegeu quatro representantes na Câmara Municipal de Jaru. O primeiro dele foi Florisvaldo Simões de Oliveira, conhecido popularmente como Louro em virtude de seu aspecto físico e chegou ao poder legislativo já na primeira eleição ocorrida em 15 de novembro de 1982. Louro tomou posse em 1º de fevereiro de 1983 e ficou no cargo até 1988 quando encerrou o mandato dos vereadores que fizeram parte da 1ª legislatura. Durante a segunda legislatura (1989 a 1992) a localidade não contou com nenhum representante no poder legislativo jaruense.

Ferdinando Pandolfi
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru)

Além do prefeito Ruy Luiz Zimmer (PT) eleito para ser o responsável pelo Executivo Municipal durante quatro anos, a eleição de 1992 apontou dois candidatos do Partido dos Trabalhadores para o cargo de vereador em Jaru: Zenildo Ferreira dos Santos (282 votos) e Severino Dias da Silva com 355 votos. Entretanto, Severino que havia sido candidato ao cargo de deputado estadual no pleito de 1990 e alcançado a suplência, protocolou a sua renúncia na Câmara Municipal de Jaru no dia 08 de janeiro de 1993, apenas oito dias após ser empossado como vereador. Severino obteve o voto de 1870 eleitores na eleição de 1990 e acabou assumindo o cargo de deputado estadual, representando assim o município de Jaru na Assembleia Legislativa. Por esse motivo, Ferdinando Pandolfi, que havia alcançado 210 votos, acabou sendo empossado no poder legislativo jaruense. A sua posse foi assinada pelo então presidente da Câmara, Ulisses Borges de Oliveira em 12 de janeiro de 1993. Com isso, Ferdinando foi a segunda pessoa de Bom Jesus a exercer um cargo público eletivo.

Em 13 de junho de 1996, devido ao afastamento temporário de Delmário de Santana Souza, o local contou com Florisvaldo (conhecido popularmente como Louro) por algum tempo na Câmara Municipal. Na época, a posse de Florisvaldo só foi possível devido ao fato de ainda existir a contagem de votos no poder legislativo por coligação partidária, algo suprimido posteriormente pelo Tribunal Superior Eleitoral, o TSE.
Camilo Antônio da Costa
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru) 

O resultado das urnas em 1996 trouxe uma grata surpresa na representação legislativa de Bom Jesus. Os dois candidatos mais votados na eleição anterior foram eleitos. Ferdinando Pandolfi teve 417 votos e Florisvaldo recebeu o voto de 358 eleitores, sendo eleito por média eleitoral. Em 2000, Florisvaldo recebeu 299 votos e ficou como suplente. Mas, em 11 de novembro de 2003, faltando pouco mais de um ano para o encerramento da quinta legislatura (2001-2004), Louro, como era conhecido em Jaru, foi empossado na Câmara Municipal devido ao afastamento temporário do então vereador Teobaldo Martins Pinto que havia se afastado para assumir o cargo de secretário municipal de Agricultura.

Em 2004, ano de criação do distrito de Bom Jesus, a localidade não conseguiu eleger nenhum representante no poder legislativo. A eleição de 2008 apontou Pelego Pandolfi da 610 (irmão de Ferdinando Pandolfi) como candidato mais votado na região. Pelego recebeu a expressiva quantia de 501 votos, mas o mesmo não foi eleito. O distrito contou com outros candidatos, mas Pelego da 610 foi o mais votado na região.

Luiz do Ônibus
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru)

A eleição municipal de 2012 trouxe de volta a representatividade política de Bom Jesus na Câmara de Jaru, pois o candidato Luiz Carlos Cesconete, o Luiz do Ônibus, foi o mais votado no distrito e conseguiu 423 votos, o que o credenciou a fazer parte da 8ª legislatura no poder legislativo jaruense. Porém em 2016, mesmo com vários candidatos disputando a eleição, nenhum representante foi eleito. Em 2020, o distrito também não conseguiu eleger o seu representante na Câmara Municipal de Jaru.

Destaques do esporte

Pioneiro na região de Bom Jesus, Florisvaldo Simões de Oliveira (1943-2018), também foi um dos primeiros moradores a se envolver com a área esportiva no distrito ainda na década de 1980. Seu legado é lembrado por muitos moradores antigos, mas outras pessoas da localidade possuem um vasto trabalhado prestado e, com a contribuição de diversos personagens importantes, foi possível conseguir um grande destaque no campo esportivo.

O Serra Verde é uma importante equipe da Linha 612 (Foto: Edelson Penha da Silva)

Nomes como Nivaldo Pires, conhecido popularmente como Nivaldinho – que chegou à região em 1979 e começou a se envolver com o esporte vinte anos depois – e Marcos Vaz Mota, o Chitão, são lendas vivas que trazem em suas memórias a história esportiva no distrito, onde se predomina o futebol de campo, o esporte considerado como paixão nacional. Várias equipes esportivas foram criadas ao longo da história na região de Bom Jesus: Seringal e Serra Verde (ambas da Linha 612), Santa Helena (614), São João (610), Bom Jesus (610) e Alvorada (608) são apenas alguns exemplos dos inúmeros exemplos que poderiam ser citados. Durante as décadas de 1980 e 1990 existia o Campeonato Rural disputado apenas por equipes locais. Registros da última década do século XX apontam ainda a existência de outras duas agremiações: o Bom Jesus Futebol Clube e Primavera Futebol Clube. Cleder Rodrigues, atual administrador do distrito e que nasceu na região e acompanhou com o pai Florisvaldo Simões todo o trabalho realizado juntamente com outras pessoas, relata que a equipe do Primavera era formada por jogadores aspirantes do Bom Jesus, embora o time tivesse o próprio uniforme e disputasse a mesma competição na região. Informações oficiais apontam que os times tradicionais das linhas 610, 612 e 614 eram considerados grandes equipes que participavam dos torneios que contavam com um bom apoio da torcida.

Marcos Vaz (de calça, à esquerda) com o time Bom Jesus Futebol Clube em
registro feito em 2019 (Foto: Edelson Penha da Silva)

Marcos Vaz Mota, o Chitão, chegou ao povoado de Bom Jesus em 2001. Coincidência ou não, tempos depois houve uma mudança na forma como as competições eram realizadas. Chitão que já era atleta em Ji-Paraná com vários jogos disputados no Estádio Vera Cruz, em conjunto com moradores adeptos ao esporte conseguiu realizar um grande trabalho na região. Com a mudança, o Campeonato Rural que antes era restrito aos times de Bom Jesus é extinto e surge o Ruralzão tendo como base a BR 364, onde as agremiações das linhas existentes no lado direito enfrentariam aquelas do lado esquerdo e vice-versa em seus respectivos campos. Pelas regras do campeonato, a partida final seria, obrigatoriamente, realizada no Estádio Municipal Leal Chapelão. O nome do único estádio existente em Jaru é uma homenagem a dois jaruenses: João Leal era jogador no município e Raimundo Chapelão, filho de Odete Borges de Morais, a saudosa Detinha. Informações apontam que Raimundo Chapelão era seringueiro e considerado como uma das primeiras pessoas que trouxe uma bola de futebol para Jaru, além de ser um grande incentivador do esporte enquanto esteve na cidade.

Nivaldinho demonstra estar feliz pela trajetória esportiva construída no distrito de Bom Jesus. Além de ser testemunha de muitos acontecimentos, ainda hoje não deixou o esporte de lado. O fato de residir próximo ao campo do São João e da Comunidade São Paulo o faz preservar as raízes religiosas e esportivas e com isso ser um referencial na localidade mesmo em meio a muitos desafios e dificuldades.

Clique aqui e conheça a história da escola Marechal Costa e Silva, o único estabelecimento de ensino fundamental e médio do distrito de Bom Jesus. 

Escolas de Jaru: Marechal Costa e Silva

Marechal Artur da Costa e Silva (Taquari, 3 de outubro de 1899Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 1969) foi um militar e político brasileiro, o segundo presidente do regime militar instaurado pelo Golpe Militar de 1964. Nascido no interior do Rio Grande do Sul, era então, quando assumiu a Presidência da República, marechal do Exército Brasileiro, e já havia ocupado o Ministério da Guerra no governo anterior, do marechal Castelo Branco. Seu governo iniciou a fase mais dura e brutal do regime ditatorial militar, à qual o general Emílio Garrastazu Médici, seu sucessor, deu continuidade. Sob o governo Costa e Silva foi promulgado o AI-5, que lhe deu poderes para fechar o Congresso Nacional, caçar políticos e institucionalizar a repressão e a tortura, sendo que no seu governo, houve um aumento significativo das atividades subversivas e de guerrilha visando combater o golpe militar de 1964 e o regime militar por ele instalado.

Costa e Silva foi filho de comerciantes portugueses da Ilha da Madeira, Artur da Costa e Silva inicia sua carreira militar ao ingressar no Colégio Militar de Porto Alegre, onde conclui como primeiro da turma ou aluno-comandante. Casou com Iolanda Barbosa Costa e Silva, filha de um militar. Em 1918 entra na Escola Militar de Realengo (Rio de Janeiro), na qual se classificou como terceiro da turma. Aspirante em 18 de janeiro de 1921, era segundo-tenente em 1922 quando participa da tentativa de levante do 1° Regimento de Infantaria da Vila Militar, a 5 de julho daquele ano.

Chegou ao generalato a 2 de agosto de 1952 e alcançou o último posto - general-de-exército - em 25 de novembro de 1961. Estagiou nos Estados Unidos da América, de janeiro a junho de 1944, após ter sido instrutor-adjunto de tática geral da Escola de Comando e Estado-Maior do exército. Adido militar na Argentina de 1950 a 1952, destacou-se por ter exercido o comando da 3ª Região Militar (Rio Grande do Sul), de 1957 a 1959, da 2ª Divisão de Exército (São Paulo) e o comando do IV Exército (Pernambuco) de agosto de 1961 a setembro de 1962, quando passou a chefe do departamento geral de pessoal e depois a chefe do departamento de produção e obras.

No governo João Goulart, reprimiu com extrema eficiência as manifestações estudantis no nordeste, mas acabou afastado do comando do IV Exército. Ao final de 1963, participou ativamente da conspiração que derrubou o Presidente da República democraticamente eleito João Goulart, o qual os militares acusavam de estar tramando um golpe de estado, e assumiu o Ministério da Guerra logo depois de vitorioso o Golpe de 1964 no dia 31 de Março de 1964 e permaneceu ministro da Guerra no governo Castelo Branco iniciado em 15 de abril de 1964.

Como ministro da Guerra, tomou a posição de defensor dos interesses da chamada linha dura da ultradireita no interior das Forças Armadas e com o AI-2 que transferiu a eleição do novo presidente para o Congresso Nacional. Costa e Silva se impôs como candidato à sucessão de Castelo Branco de postos de responsabilidade.

Quando Costa e Silva estava em campanha para a presidência de República, escapou por pouco de um atentado no Aeroporto Internacional dos Guararapes em 25 de julho de 1966, quando era esperado por cerca de 300 pessoas neste aeroporto em Recife. Foram vários mortos e feridos no que ficou conhecido como o Atentado dos Guararapes. Como seu avião entrou em pane, naquele dia, em João Pessoa, Costa e Silva se dirigiu para Recife por automóvel.

Presidência da República

No dia do seu aniversário, em 3 de outubro de 1966, Costa e Silva foi eleito presidente da República pelo Congresso Nacional, obtendo 294 votos. Foi candidato único pela ARENA. O MDB se absteve de votar. Tomou posse, em 15 de março de 1967, em meio a grandes expectativas quanto ao progresso econômico e a redemocratização do País. Neste dia 15 de março, entrou em vigor, a Constituição de 1967, deixando de vigorar, a partir daquele dia, os 4 atos institucionais baixados por Castelo Branco.

Extinguiu a Frente Ampla, movimento de oposição que reunia políticos do período pré-64. Combateu a inflação, revisou a política salarial e ampliou o comércio exterior. Iniciou uma reforma administrativa, expandiu as comunicações e os transportes, mas não resolveu os problemas da educação. A Frente Ampla era um movimento político composto por políticos cassados, entre os quais Carlos Lacerda. As propostas defendidas pelo movimento eram:  Retomada do poder pelos civis, reformas econômicas e sociais, anistia geral, restabelecimento das eleições diretas em todos os níveis e Reforma Agrária ampla.

Politicamente, porém, a situação se tornava mais tensa. Em 26 de junho de 1968, membros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) lançaram um carro-bomba contra o Quartel General do II Exército, em São Paulo. Mário Kozel Filho, soldado que era sentinela naquele momento, dirigiu-se ao carro e morreu quando a carga de dinamite explodiu. Ainda saíram feridos gravemente outros seis militares. Ainda em 1968, a morte do estudante secundarista Edson Luís num confronto com a polícia provocou a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro. A situação política agravou-se ainda mais em agosto, quando o deputado Márcio Moreira Alves recomendou, num discurso, que as moças se recusassem a dançar com cadetes em protesto contra o regime militar. O governo pediu licença ao Congresso Nacional para processar o deputado, mas o pedido foi negado. Costa e Silva convocou então o Conselho de Segurança Nacional e, no dia 13 de dezembro de 1968 (uma sexta-feira 13), editou o Ato Institucional Número Cinco (AI-5), que lhe dava poderes para fechar o Parlamento, cassar políticos e institucionalizar a repressão.

A Escola Marechal Costa e Silva

Vista aérea de Bom Jesus no ano de 1995 com destaque para a escola
 Marechal Costa e Silva (Fonte: Acervo de Raimundo Vieira da Silva)

A escola estadual de ensino fundamental e médio Marechal Costa e Silva foi criada pelo Decreto n.° 3919 de 29 de setembro de 1988 e autorizada a funcionar pelo Parecer n.° 189/91 do Conselho Estadual de Educação de Rondônia (CEE/RO). Contudo, a instituição iniciou as suas atividades no ano de 1985, no Km 30 da Linha 610 em Jaru. O estabelecimento de ensino está situado à Rua Zupelli s/n, no distrito de Bom Jesus.

Escola Marechal Costa e Silva em 1995
(Fonte: Acervo de Raimundo Vieira da Silva)

Inicialmente o estabelecimento de ensino oferecia aulas de 1.ª a 4.ª séries. Posteriormente, de acordo com a necessidade da comunidade, foi autorizada também a matrícula para alunos até a 8.ª Série. Com a criação do Núcleo Urbano de Apoio Rural (NUAR) Bom Jesus e a escola sendo provida de professores qualificados foi concedida a implantação gradativa do ensino médio, tornando desde então a única da localidade a ofertar a última etapa da educação básica.

A escola Marechal Costa e Silva oferece educação à crianças, jovens e adolescentes provenientes das linhas 608, 610, 612 e 614. O funcionamento da instituição é somente no período diurno e possui o Conselho Escolar denominado “Lutando pelo Futuro”, o lema que a instituição tem como objetivo primordial.  

Frente da escola Marechal Costa e Silva no início de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)


sábado, 20 de janeiro de 2024

Escolas de Jaru: Escola D’ Jaruaru

Vista aérea de Jaruaru em junho de 2021 (Foto: Maico Gean do Carmo)










Situado no km 85 da Linha 627, o - hoje - subdistrito faz parte do assentamento do Projeto Jaruaru que, em seu início, se localizou a alguns quilômetros antes. Em 13 de maio de 1994 foi o dia da decisão para formar esta vila do povoado jaruaruense. A localidade recebeu também o nome Acabajá e, segundo registra Silva (2010, p. 59), tal denominação “deve-se ao fracasso da instalação do Projeto Jaruaru, cujo objetivo era de que fosse planejada uma cidade para atender aos moradores da região”. Um detalhe a ser considerado é que, de acordo com a Lei que criou o subdistrito em 2004, a grafia do nome do lugar é Jaruaru, mas ao se referir à instituição de ensino deve-se utilizar “Escola D’ Jaru-Uaru”. Em 02 de março de 2022, ao sancionar a Lei nº 3135, que definiu o perímetro urbano do subdistrito, a Prefeitura de Jaru, também utilizou a grafia Jaru-Uaru para se referir ao local. 

Ao apresentar os motivos que culminaram com o fracasso do Projeto Jaruaru, Silva (2010, p. 59) destaca “fatores como doenças tropicais, falta de apoio governamental e as terras não muito férteis, além da falta de perspectiva de trabalho”. Conforme prossegue Silva, “mesmo com essas dificuldades, percebe-se um povo trabalhador e acolhedor”, diz se referindo à população de Jaruaru. 

Os limites geográficos do subdistrito estão descritos no Artigo 3º da Lei Municipal 747/GP/2004, de 29 de junho de 2004. Conforme aponta o texto sancionado à época, o ponto inicial ficou definido como sendo no cruzamento do limite do Projeto Integrado de Colonização – PIC – Padre Adolpho Rohl com o Rio Jaru. Do ponto inicial (exclusive) segue pelo limite do PIC Padre Adolpho Rohl e limite do Projeto de Assentamento D’ Jaru-Uaru (inclusive) até o limite municipal Jaru / Mirante da Serra (reta que parte do ponto das coordenadas 531300E e 8797760N até as coordenadas 512200E e 8780700N) no Ribeirão Trincheira. Deste ponto segue em linha reta até o Ribeirão Trincheira no ponto das coordenadas 512200E e 8780700N (limite Jaru / Mirante da Serra. Em seguida, sobe por este ponto na cabeceira do ponto de coordenadas 499094E e 8779612N (limite Jaru / Mirante da Serra). Logo após, segue pelo divisor de águas dos rios Urupá / Jaru até a linha de cumeada da Serra do Mirante, limite entre Jaru e Mirante da Serra. O passo seguinte é seguir pela cabeceira do Rio Jaru no ponto das coordenadas 483410E e 8776080N (limite Jaru / Mirante da Serra). Logo após, desce o Rio Jaru (limite Jaru / Governador Jorge Teixeira) até o local do ponto inicial.

O nome Jaruaru foi dado como referência aos povos indígenas Uru-Eu-Wau-Wau, antigos moradores da região. Ainda existe uma aldeia deles na localidade, a Alto Jaru, e se situa a aproximadamente quatro quilômetros da parte urbanizada de Jaruaru. A nação indígena tem suas terras protegidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e, quando necessário, eles vão ao subdistrito e a cidades circunvizinhas. Na escola do subdistrito há alunos indígenas que estudam junto com os demais discentes. Não usam trajes típicos e são reconhecidos por suas características físicas e pelos nomes que são dados de acordo com a cultura a que pertencem. Enfim, fora de suas terras, são pessoas iguais às outras e possuem os mesmos direitos e deveres.

A fundação de Jaruaru foi de grande importância para os primeiros homens brancos que vieram para o local e começaram a abertura das terras formando lotes e chácaras com plantações. Ainda não existia a vila, mas mesmo assim havia transporte que conduzia as pessoas nas idas e vindas a Jaru e Tarilândia.

Os sitiantes, quando chegavam ao quilômetro 85 tinham que deixar o ônibus e prosseguir a viagem a pé e ainda com as compras pesadas nas costas. Então os senhores Paulo Fernandes e Carlos Morgante, juntos com demais companheiros, que tinham conhecimento de administração, sensibilizaram-se com o problema. Chamaram o povo e, numa reunião com opiniões e sugestões das pessoas presentes, compraram treze alqueires de terra, que na época eram do lote da senhora Edinalva dos Santos. Para a compra, ficou decidido que quem doasse duas sacas de feijão, teria o direito de ter uma data no projeto. Cinco alqueires e meio dessas terras foram cortados em chácaras e os outros sete e meio foram divididos em datas (pequenos terrenos). Assim foram aparecendo as primeiras casas e alguns comércios em Jaruaru. Surgiram igrejas, campo de futebol e no ano de 2003, a Escola Municipal D’ Jaru-Uaru começou a funcionar.

Os primeiros comerciantes foram o senhor Valmir, seu Anísio e seu Edivaldo. Logo em seguida, veio para Jaruaru, um comerciante bem mais forte em comparação aos primeiros. Era o senhor Josué Crisóstemos. Ele abriu um comércio de secos e molhados e o nome de seu mercado era “Comercial Paraguai II”, porque ele já tinha a matriz em Tarilândia. Foi através dele que o povo de Jaruaru teve mais facilidades para fazer suas compras, pois ele abastecia o povoado com muitos produtos, tais como gêneros alimentícios, combustíveis, entre muitos outros.

Seguindo o percurso da história, veio trabalhar o senhor Josué, além do senhor Antônio Mariano Filho com a família. Após um ano e meio, Josué desistiu de Jaruaru e vendeu seu comércio para Antônio, o popular Toninho. Por acreditar no crescimento de Jaruaru, o prédio foi renovado e ampliado. Com o apoio de autoridades administrativas colocou um telefone fixo para servir ao povo. Em seguida Toninho fez a parceria com alguns comércios de Jaru e Tarilândia que o ajudaram a manter seu empreendimento por muito tempo. Vendedores viajantes começaram a vir e negociar os seus produtos diretamente com ele. “Toninho” mudou o nome do mercado para Comercial Treze de Maio. Assim, Jaruaru foi melhorando e vieram outros comerciantes.

A zona urbana de Jaruaru situa-se, segundo Silva (2010, p. 59), “a quatro quilômetros da Aldeia Djaí (Alto Jaru)”. A pequena distância da área indígena faz com que seja comum a presença de pessoas pertencentes à etnia Uru-Eu-Wau-Wau no subdistrito para comprar mercadorias, alimentos, bem como possibilitar aos índios que assim desejam fazer outras atividades. É comum a presença de crianças e adolescentes indígenas na Escola D’ Jaru-Uaru, embora o Estado ofereça o ensino em todas as aldeias, porém, em uma metodologia bem específica.

A parte urbanizada de Jaruaru conta com empreendimentos comerciais, entre eles: postos de saúde, de combustível e de medicamentos, bares, quatro igrejas, uma escola pública com quadra poliesportiva coberta, oficinas mecânicas, empresas de produtos agropecuários e de gêneros alimentícios, uma mini academia montada pelo Governo do Estado, lojas de confecções e produtos de beleza, além de várias residências.

Um estudo feito pela Divisão de Endemias da Prefeitura de Jaru em outubro de 2019, apontou que no espaço urbanizado de Jaruaru haviam ao todo 13 quadras, 84 residências, 30 comércios, 18 terrenos baldios e 13 edificações destinadas a órgãos públicos, igrejas e associações.

A área urbanizada do subdistrito apresenta ares de um pequeno vilarejo, onde o cenário do campo se contrapõe com o da cidade em um formato harmonioso. Em 2021, não há um palmo de asfalto, mas isso não é um empecilho para impedir o entusiasmo do povo que sonha com dias melhores.

  Em relação à hidrografia de Jaruaru, com exceção do Rio Jaru, que nasce na região e passa a poucos quilômetros da sede do subdistrito, há apenas algumas nascentes e pequenos corredores de água, entre eles, o Ribeirão Trincheira. No período chuvoso o número é bastante expressivo, mas com o início da estiagem, muitos desaparecem. O rio Corgão que percorre um bom trecho do distrito de Tarilândia passa a aproximadamente nove quilômetros da parte urbanizada de Jaruaru, se tornando, no quesito expressividade, uma das fontes naturais de água doce mais próximas do perímetro urbanizado do subdistrito.

O subdistrito de Jaruaru conta com quatro igrejas na zona urbana. A Igreja Católica Apostólica Romana é representada pela Comunidade Santo Antônio. Há ainda um templo da Assembleia de Deus, um da Igreja Batista Brasileira e outro da Congregação Cristã no Brasil.

Até outubro de 2020, a zona rural de Jaruaru contava com três igrejas diferentes. A Assembleia de Deus aparece em primeiro lugar com cinco congregações nas linhas pertencentes ao subdistrito. Há também um templo da igreja Batista do 7º Dia e outro da Adventista do 7º Dia, sendo esse último situado na Linha 628, em frente ao local onde há um travessão para o subdistrito. Os templos religiosos existentes na região de Jaruaru contam com dirigentes na localidade, mas são de responsabilidade de igrejas sediadas em Tarilândia.

O principal esporte coletivo praticado em Jaruaru é o futebol de campo e, até o ano de 2021, há apenas uma equipe esportiva. O time tem o mesmo nome do subdistrito e é um dos destaques da região, que engloba também o distrito de Tarilândia. Até 2021, a principal conquista do time aspirante de Jaruaru ocorreu na edição de 2015 do Campeonato Rural em uma final emocionante disputada no campo do Bolicho do Macaco, em Tarilândia. A equipe de Jaruaru empatou em 1 a 1 com o time aspirante do Galo da Serra no tempo normal, mas venceu a partida por 4 a 3 e se sagrou campeã naquele ano.

Outro destaque alcançado até 2021, ocorreu no ano de 2018, quando a equipe titular foi vice-campeã ao perder pelo placar de 3 a 1 para o time titular do Galo da Serra em um jogo disputado no Estádio de Futebol Jorjão Batista, em Tarilândia.

A Escola D’ Jaru-Uaru 

Frente da Escola D'Jaru-Uaru no início do ano de 2020 (Foto: Elias Gonçalves)

Um dos sonhos almejados pelos moradores de Jaruaru era ter um estabelecimento de ensino para atender a demanda educacional da localidade. Pensando nisso, houve uma união da classe política no ano de 2002 e envolveu de forma direta o prefeito da época, José Amauri dos Santos; o ex-governador, Valdir Raupp de Matos e o então deputado federal Confúcio Aires Moura, que estiveram na localidade no dia 26 de abril daquele ano e assinaram a ordem de serviço para a construção do estabelecimento de ensino. A escola foi construída no padrão que o Ministério da Educação adotava naquele momento e se tornou desde então a única instituição em Jaru construída nesse formato. Em apenas oito meses, o estabelecimento de ensino ficou pronto com seis salas de aula, alojamentos, espaço administrativo, cozinha, banheiros, uma biblioteca e um laboratório que foram entregues à população em maio de 2003.

Escola de Jaru Uaru em registro feito no dia 26 de abril de 2011
(Foto: Elias Gonçalves)

As primeiras pessoas a ocuparem a direção da escola foram as professoras Orny Rodrigues de Souza e Roseli Alves Mariano, respectivamente diretora e vice-diretora. Juntas desenvolveram o serviço administrativo escolar com o apoio do professor Carlos Simplício Gomes de Souza, conhecido popularmente como “Carlão”, além dos demais profissionais e voluntários que queriam o desenvolvimento de Jaruaru. Nessa época, os professores tinham apenas o magistério. Com a evolução, a equipe docente ampliou o conhecimento pedagógico cursando o ensino superior de acordo com a área de atuação que mais se identificava.

Em 2004 foram construídas mais seis salas de aula para os alunos das séries finais do ensino fundamental (hoje 6º ao 9º ano). Posteriormente a instituição ganhou muro e também uma quadra poliesportiva para atender aos interesses da comunidade escolar. A Escola D’ Jaru-Uaru conta também com turmas de ensino médio, através de uma parceria com o Governo do Estado, possibilitando assim aos estudantes a chance de concluírem a educação básica no próprio subdistrito. Os alunos do ensino médio são matriculados na escola estadual Pedro Vieira de Melo, sediada no distrito de Tarilândia, mas utilizam as instalações existentes na única unidade escolar que há no subdistrito.

Vista parcial da Escola Municipal de Jaru-Uaru
durante o processo de construção
(Foto: Acervo Pessoal de Roseli Mariano)

 A Escola D’ Jaru-Uaru foi criada pela Prefeitura de Jaru pelo Decreto 3.620/GP/2003. Entretanto, em 17 de maio de 2016, o prefeito Inaldo Pedro Alves sancionou o Decreto nº 9.153/GP/2016 alterando a nomenclatura da instituição que desde então passou a ser denominada como “Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental D’ Jaru-Uaru”.   

 

FONTE:

PEREIRA, Elias Gonçalves. A Biografia dos Distritos de Jaru (pp. 111-126). Priint Impressões Inteligentes: Cacoal, 2020. 

Escolas de Jaru: Cooped

Prédio da Cooped em 26 de janeiro de 2006  (Foto: Elias Gonçalves) A Cooperativa de Profissionais em Educação – Cooped – iniciou as suas ati...