sábado, 20 de janeiro de 2024

Escolas de Jaru: Escola D’ Jaruaru

Vista aérea de Jaruaru em junho de 2021 (Foto: Maico Gean do Carmo)










Situado no km 85 da Linha 627, o - hoje - subdistrito faz parte do assentamento do Projeto Jaruaru que, em seu início, se localizou a alguns quilômetros antes. Em 13 de maio de 1994 foi o dia da decisão para formar esta vila do povoado jaruaruense. A localidade recebeu também o nome Acabajá e, segundo registra Silva (2010, p. 59), tal denominação “deve-se ao fracasso da instalação do Projeto Jaruaru, cujo objetivo era de que fosse planejada uma cidade para atender aos moradores da região”. Um detalhe a ser considerado é que, de acordo com a Lei que criou o subdistrito em 2004, a grafia do nome do lugar é Jaruaru, mas ao se referir à instituição de ensino deve-se utilizar “Escola D’ Jaru-Uaru”. Em 02 de março de 2022, ao sancionar a Lei nº 3135, que definiu o perímetro urbano do subdistrito, a Prefeitura de Jaru, também utilizou a grafia Jaru-Uaru para se referir ao local. 

Ao apresentar os motivos que culminaram com o fracasso do Projeto Jaruaru, Silva (2010, p. 59) destaca “fatores como doenças tropicais, falta de apoio governamental e as terras não muito férteis, além da falta de perspectiva de trabalho”. Conforme prossegue Silva, “mesmo com essas dificuldades, percebe-se um povo trabalhador e acolhedor”, diz se referindo à população de Jaruaru. 

Os limites geográficos do subdistrito estão descritos no Artigo 3º da Lei Municipal 747/GP/2004, de 29 de junho de 2004. Conforme aponta o texto sancionado à época, o ponto inicial ficou definido como sendo no cruzamento do limite do Projeto Integrado de Colonização – PIC – Padre Adolpho Rohl com o Rio Jaru. Do ponto inicial (exclusive) segue pelo limite do PIC Padre Adolpho Rohl e limite do Projeto de Assentamento D’ Jaru-Uaru (inclusive) até o limite municipal Jaru / Mirante da Serra (reta que parte do ponto das coordenadas 531300E e 8797760N até as coordenadas 512200E e 8780700N) no Ribeirão Trincheira. Deste ponto segue em linha reta até o Ribeirão Trincheira no ponto das coordenadas 512200E e 8780700N (limite Jaru / Mirante da Serra. Em seguida, sobe por este ponto na cabeceira do ponto de coordenadas 499094E e 8779612N (limite Jaru / Mirante da Serra). Logo após, segue pelo divisor de águas dos rios Urupá / Jaru até a linha de cumeada da Serra do Mirante, limite entre Jaru e Mirante da Serra. O passo seguinte é seguir pela cabeceira do Rio Jaru no ponto das coordenadas 483410E e 8776080N (limite Jaru / Mirante da Serra). Logo após, desce o Rio Jaru (limite Jaru / Governador Jorge Teixeira) até o local do ponto inicial.

O nome Jaruaru foi dado como referência aos povos indígenas Uru-Eu-Wau-Wau, antigos moradores da região. Ainda existe uma aldeia deles na localidade, a Alto Jaru, e se situa a aproximadamente quatro quilômetros da parte urbanizada de Jaruaru. A nação indígena tem suas terras protegidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e, quando necessário, eles vão ao subdistrito e a cidades circunvizinhas. Na escola do subdistrito há alunos indígenas que estudam junto com os demais discentes. Não usam trajes típicos e são reconhecidos por suas características físicas e pelos nomes que são dados de acordo com a cultura a que pertencem. Enfim, fora de suas terras, são pessoas iguais às outras e possuem os mesmos direitos e deveres.

A fundação de Jaruaru foi de grande importância para os primeiros homens brancos que vieram para o local e começaram a abertura das terras formando lotes e chácaras com plantações. Ainda não existia a vila, mas mesmo assim havia transporte que conduzia as pessoas nas idas e vindas a Jaru e Tarilândia.

Os sitiantes, quando chegavam ao quilômetro 85 tinham que deixar o ônibus e prosseguir a viagem a pé e ainda com as compras pesadas nas costas. Então os senhores Paulo Fernandes e Carlos Morgante, juntos com demais companheiros, que tinham conhecimento de administração, sensibilizaram-se com o problema. Chamaram o povo e, numa reunião com opiniões e sugestões das pessoas presentes, compraram treze alqueires de terra, que na época eram do lote da senhora Edinalva dos Santos. Para a compra, ficou decidido que quem doasse duas sacas de feijão, teria o direito de ter uma data no projeto. Cinco alqueires e meio dessas terras foram cortados em chácaras e os outros sete e meio foram divididos em datas (pequenos terrenos). Assim foram aparecendo as primeiras casas e alguns comércios em Jaruaru. Surgiram igrejas, campo de futebol e no ano de 2003, a Escola Municipal D’ Jaru-Uaru começou a funcionar.

Os primeiros comerciantes foram o senhor Valmir, seu Anísio e seu Edivaldo. Logo em seguida, veio para Jaruaru, um comerciante bem mais forte em comparação aos primeiros. Era o senhor Josué Crisóstemos. Ele abriu um comércio de secos e molhados e o nome de seu mercado era “Comercial Paraguai II”, porque ele já tinha a matriz em Tarilândia. Foi através dele que o povo de Jaruaru teve mais facilidades para fazer suas compras, pois ele abastecia o povoado com muitos produtos, tais como gêneros alimentícios, combustíveis, entre muitos outros.

Seguindo o percurso da história, veio trabalhar o senhor Josué, além do senhor Antônio Mariano Filho com a família. Após um ano e meio, Josué desistiu de Jaruaru e vendeu seu comércio para Antônio, o popular Toninho. Por acreditar no crescimento de Jaruaru, o prédio foi renovado e ampliado. Com o apoio de autoridades administrativas colocou um telefone fixo para servir ao povo. Em seguida Toninho fez a parceria com alguns comércios de Jaru e Tarilândia que o ajudaram a manter seu empreendimento por muito tempo. Vendedores viajantes começaram a vir e negociar os seus produtos diretamente com ele. “Toninho” mudou o nome do mercado para Comercial Treze de Maio. Assim, Jaruaru foi melhorando e vieram outros comerciantes.

A zona urbana de Jaruaru situa-se, segundo Silva (2010, p. 59), “a quatro quilômetros da Aldeia Djaí (Alto Jaru)”. A pequena distância da área indígena faz com que seja comum a presença de pessoas pertencentes à etnia Uru-Eu-Wau-Wau no subdistrito para comprar mercadorias, alimentos, bem como possibilitar aos índios que assim desejam fazer outras atividades. É comum a presença de crianças e adolescentes indígenas na Escola D’ Jaru-Uaru, embora o Estado ofereça o ensino em todas as aldeias, porém, em uma metodologia bem específica.

A parte urbanizada de Jaruaru conta com empreendimentos comerciais, entre eles: postos de saúde, de combustível e de medicamentos, bares, quatro igrejas, uma escola pública com quadra poliesportiva coberta, oficinas mecânicas, empresas de produtos agropecuários e de gêneros alimentícios, uma mini academia montada pelo Governo do Estado, lojas de confecções e produtos de beleza, além de várias residências.

Um estudo feito pela Divisão de Endemias da Prefeitura de Jaru em outubro de 2019, apontou que no espaço urbanizado de Jaruaru haviam ao todo 13 quadras, 84 residências, 30 comércios, 18 terrenos baldios e 13 edificações destinadas a órgãos públicos, igrejas e associações.

A área urbanizada do subdistrito apresenta ares de um pequeno vilarejo, onde o cenário do campo se contrapõe com o da cidade em um formato harmonioso. Em 2021, não há um palmo de asfalto, mas isso não é um empecilho para impedir o entusiasmo do povo que sonha com dias melhores.

  Em relação à hidrografia de Jaruaru, com exceção do Rio Jaru, que nasce na região e passa a poucos quilômetros da sede do subdistrito, há apenas algumas nascentes e pequenos corredores de água, entre eles, o Ribeirão Trincheira. No período chuvoso o número é bastante expressivo, mas com o início da estiagem, muitos desaparecem. O rio Corgão que percorre um bom trecho do distrito de Tarilândia passa a aproximadamente nove quilômetros da parte urbanizada de Jaruaru, se tornando, no quesito expressividade, uma das fontes naturais de água doce mais próximas do perímetro urbanizado do subdistrito.

O subdistrito de Jaruaru conta com quatro igrejas na zona urbana. A Igreja Católica Apostólica Romana é representada pela Comunidade Santo Antônio. Há ainda um templo da Assembleia de Deus, um da Igreja Batista Brasileira e outro da Congregação Cristã no Brasil.

Até outubro de 2020, a zona rural de Jaruaru contava com três igrejas diferentes. A Assembleia de Deus aparece em primeiro lugar com cinco congregações nas linhas pertencentes ao subdistrito. Há também um templo da igreja Batista do 7º Dia e outro da Adventista do 7º Dia, sendo esse último situado na Linha 628, em frente ao local onde há um travessão para o subdistrito. Os templos religiosos existentes na região de Jaruaru contam com dirigentes na localidade, mas são de responsabilidade de igrejas sediadas em Tarilândia.

O principal esporte coletivo praticado em Jaruaru é o futebol de campo e, até o ano de 2021, há apenas uma equipe esportiva. O time tem o mesmo nome do subdistrito e é um dos destaques da região, que engloba também o distrito de Tarilândia. Até 2021, a principal conquista do time aspirante de Jaruaru ocorreu na edição de 2015 do Campeonato Rural em uma final emocionante disputada no campo do Bolicho do Macaco, em Tarilândia. A equipe de Jaruaru empatou em 1 a 1 com o time aspirante do Galo da Serra no tempo normal, mas venceu a partida por 4 a 3 e se sagrou campeã naquele ano.

Outro destaque alcançado até 2021, ocorreu no ano de 2018, quando a equipe titular foi vice-campeã ao perder pelo placar de 3 a 1 para o time titular do Galo da Serra em um jogo disputado no Estádio de Futebol Jorjão Batista, em Tarilândia.

A Escola D’ Jaru-Uaru 

Frente da Escola D'Jaru-Uaru no início do ano de 2020 (Foto: Elias Gonçalves)

Um dos sonhos almejados pelos moradores de Jaruaru era ter um estabelecimento de ensino para atender a demanda educacional da localidade. Pensando nisso, houve uma união da classe política no ano de 2002 e envolveu de forma direta o prefeito da época, José Amauri dos Santos; o ex-governador, Valdir Raupp de Matos e o então deputado federal Confúcio Aires Moura, que estiveram na localidade no dia 26 de abril daquele ano e assinaram a ordem de serviço para a construção do estabelecimento de ensino. A escola foi construída no padrão que o Ministério da Educação adotava naquele momento e se tornou desde então a única instituição em Jaru construída nesse formato. Em apenas oito meses, o estabelecimento de ensino ficou pronto com seis salas de aula, alojamentos, espaço administrativo, cozinha, banheiros, uma biblioteca e um laboratório que foram entregues à população em maio de 2003.

Escola de Jaru Uaru em registro feito no dia 26 de abril de 2011
(Foto: Elias Gonçalves)

As primeiras pessoas a ocuparem a direção da escola foram as professoras Orny Rodrigues de Souza e Roseli Alves Mariano, respectivamente diretora e vice-diretora. Juntas desenvolveram o serviço administrativo escolar com o apoio do professor Carlos Simplício Gomes de Souza, conhecido popularmente como “Carlão”, além dos demais profissionais e voluntários que queriam o desenvolvimento de Jaruaru. Nessa época, os professores tinham apenas o magistério. Com a evolução, a equipe docente ampliou o conhecimento pedagógico cursando o ensino superior de acordo com a área de atuação que mais se identificava.

Em 2004 foram construídas mais seis salas de aula para os alunos das séries finais do ensino fundamental (hoje 6º ao 9º ano). Posteriormente a instituição ganhou muro e também uma quadra poliesportiva para atender aos interesses da comunidade escolar. A Escola D’ Jaru-Uaru conta também com turmas de ensino médio, através de uma parceria com o Governo do Estado, possibilitando assim aos estudantes a chance de concluírem a educação básica no próprio subdistrito. Os alunos do ensino médio são matriculados na escola estadual Pedro Vieira de Melo, sediada no distrito de Tarilândia, mas utilizam as instalações existentes na única unidade escolar que há no subdistrito.

Vista parcial da Escola Municipal de Jaru-Uaru
durante o processo de construção
(Foto: Acervo Pessoal de Roseli Mariano)

 A Escola D’ Jaru-Uaru foi criada pela Prefeitura de Jaru pelo Decreto 3.620/GP/2003. Entretanto, em 17 de maio de 2016, o prefeito Inaldo Pedro Alves sancionou o Decreto nº 9.153/GP/2016 alterando a nomenclatura da instituição que desde então passou a ser denominada como “Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental D’ Jaru-Uaru”.   

 

FONTE:

PEREIRA, Elias Gonçalves. A Biografia dos Distritos de Jaru (pp. 111-126). Priint Impressões Inteligentes: Cacoal, 2020. 

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