domingo, 21 de janeiro de 2024

Escolas de Jaru: Centro Educacional de Bom Jesus

Registro da parte frontal da Creche Centro Educacional de Bom Jesus no início do ano de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)
 

A Escola de Educação Infantil Centro Educacional de Bom Jesus foi criada pelo Decreto nº 6.210/GP/2010, de 30 de março de 2010, no segundo ano de mandato do então prefeito de Jaru, Jean Carlos dos Santos. O estabelecimento de ensino está situado no Km 30 da Linha 610, na parte que seria o perímetro urbano do distrito, embora a localidade não tenha passado pelo processo de urbanização.

Parte externa do Centro Educacional de Bom Jesus no começo de 2020
(Foto: Elias Gonçalves)

A escola tem como público crianças de 0 a 5 anos. Os alunos com até 3 anos de idade fazem parte do grupo destinado à creche e estão subdivididos da seguinte forma: Berçário (0 a 1 ano de idade), Maternal I (1 a 2 anos) e Maternal II (2 a 3 anos). Em seguida, as crianças cursam o Pré-Escolar I (4 anos) e II (5 anos), quando, ao encerramento do ano letivo podem realizar a primeira formatura da educação básica. Em todas as situações, o critério para se avançar à próxima etapa é fazer aniversário até o dia 31 de março do ano vigente.

O Centro Educacional de Bom Jesus tem uma grande importância para a localidade devido ao fato de atender a clientela do distrito e das linhas 610, 608, 612 e 614. A instituição é a única no local que oferece um serviço de creche às mães que trabalham diariamente bem como aquelas que desenvolvem atividades laborais em época de colheita das lavouras de café e cacau e não têm com quem deixar seus filhos, funcionando assim como um suporte seguro para a comunidade escolar. O Pré-Escolar ofertado aos alunos é de suma importância para o ingresso das crianças no ensino fundamental, pois, conforme defende os profissionais do estabelecimento de ensino, é na educação infantil que se constrói uma base sólida para um futuro seguro em termos de conhecimento cognitivo.

O distrito de Bom Jesus

Vista aérea parcial de Bom Jesus (Foto: Maico Gean do Carmo)

Além de criar o distrito, o artigo 4º da Lei Municipal 747/GP/04, delimitou a abrangência geográfica do povoado de Bom Jesus. O ponto inicial é na Foz do Igarapé do Paraíso no Rio Jaru (Limite Jaru / Vale do Paraíso). Em seguida sobe o Igarapé Paraíso até a divisa com Ouro Preto do Oeste chegando ao Igarapé Bom Jardim. O passo seguinte é fazer o percurso do Igarapé Bom Jardim até o Rio Jaru e descer o Rio Jaru (limite Jaru / Theobroma) até o ponto inicial.

Construído inicialmente no Km 28 da Linha 610 (RO-466) em Jaru, Bom Jesus permaneceu pouco tempo no lugar onde começou o que seria a sua parte urbana. José Primo de Assis chegou à região no ano de 1979 e diz que o motivo de se mudar para o Km 30 da respectiva linha foi devido ao pequeno volume de água do rio à época em que o local foi desbravado. Raimundo Vieira da Silva é outro pioneiro do hoje distrito e ali chegou em 1973 em meio a tantos desafio e conhece como poucos a formação histórica da localidade.

Com a mudança para o novo local, uma das primeiras decisões a serem tomadas foi planejar o perímetro urbano do distrito. Conforme explicam os pioneiros, na década de 1980, a princípio o poder público iria comprar dos moradores uma parte de cada lote e assim formar a parte da cidade. Todavia, muitos deles acreditam que foram enganados, uma vez que para que a construção do setor urbano fosse feita cada um dos pioneiros Dorvalina Silva Souza, José Primo de Assis, Adneu Alexandre Correia e Hilário tiveram doaram quatro alqueires de terra, totalizando dezesseis alqueires doados.

A Lei nº 747 de 2004 criou os distritos
de Bom Jesus, Santa Cruz da
Serra e Tarilândia, além do 
subdistrito de Jaru-Uaru
(Foto: Prefeitura de Jaru)

A viagem da BR 364 ao distrito é feita por estrada de chão, mas é possível chegar à localidade em menos de uma hora. Contudo, no fim dos anos 1970, gastava em torno de um dia entre a única rodovia federal do Estado e o lugar onde anos depois seria o distrito, pois os desafios eram enormes para quem tivesse a coragem de andar com o “cacaio” nas costas.

Em 2020, Bom Jesus conta com pequenos comércios, bares, restaurante, uma unidade escolar de educação infantil, além de um estabelecimento de ensino fundamental e médio, sendo este pertencente ao quadro estadual e uma unidade da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado (Idaron) para atender aos produtores rurais. A escola estadual Marechal Costa e Silva é a única unidade escolar que atenda aos ensinos fundamental e médio e funciona em prédio próprio.

Dorvalina Silva Souza chegou a Bom Jesus em 1975 e declara que o primeiro morador a construir uma casa na parte urbana se chamava Constantino. Segundo ela, Constantino vendeu um lote que possuía na Linha 608 para fazer a construção da casa e de um bar, porém, o comércio não deu resultados e o proprietário acabou deixando a região.

Antes de falecer em 06 de janeiro de 2018, o ex-vereador Florisvaldo Simões de Oliveira, conhecido popularmente como Louro, concedeu entrevista ao escritor Elias Gonçalves e disse que o primeiro cidadão a administrar o distrito foi Gentil Machado de França. Em seguida o distrito foi administrado por Luiz Alves Leite. Entre outros administradores do distrito é possível identificar os seguintes nomes: Genésio, Diocélio Nogueira, Romeu Mota, Cleder Souza Farias, Givanildo (Zé Preto), Adilson, Ronaldo Souza Farias, além do próprio Louro e Cleder Rodrigues de Oliveira, responsável pela administração do distrito no momento em que este texto foi produzido (2020).

Religiosidade

Templo da igreja Assembleia de Deus
localizado no centro de Bom Jesus
(Foto: Elias Gonçalves)

A religiosidade na região de Bom Jesus é expressa de forma harmônica. Na área central do distrito há três igrejas evangélicas: Assembleia de Deus, Adventista do 7º Dia e Batista Nacional. Ambas estão situadas à Avenida Amazonas e a distância mínima que existe entre elas não causa nenhum tipo de empecilho para anunciar o Evangelho, conforme a regra de fé que predomina em cada uma. A Assembleia de Deus é a maior denominação religiosa e conta com um total de oito templos na região. A Congregação Cristã no Brasil também está presente, mas, o seu templo, embora seja na zona urbana, fica um ponto distante da área central do distrito. A Igreja Católica Apostólica Romana é representada pela Comunidade São João Paulo II no centro do distrito, além de outras comunidades nas linhas e estradas vicinais.

Hidrografia

Rio São João nas proximidades da Comunidade
São Paulo na Linha 610 durante o período de
chuvas (Foto: Elias Gonçalves)

A bacia hidrográfica do distrito de Bom Jesus é formada por quatro rios principais: Três Voltas, Caldeirão, São João e Serra Verde. O Três Voltas passa pelas Linhas 612 e 610 até chegar ao Rio Jaru. O rio Caldeirão “corta” a Linha 610 e é um afluente do Serra Verde. Esse, por sua vez, do Rio Jaru. O São João atravessa as linhas 614, 612, 610 e 608 até entregar as suas águas ao Rio Jaru, assim como acontece com os demais rios do município. Há ainda alguns riachos e igarapés, porém pelo pequeno volume de água, muitos deles deixam de existir em alguma parte durante o período de estiagem, predominando assim os de maior volume aquático.

Normalmente no período chuvoso é comum os rios existentes na região transbordarem em todo o leito. Porém devido a fatores geográficos e também pela forma como o local foi desbravado pelo homem branco não há registros de casos em que a cheia tenha causado um dano maior à população residente em Bom Jesus.

Predominância rural

Em 2015 ocorreu a 3ª Exposição de Bom Jesus, movimentando o distrito de forma grandiosa
(Foto: Gráfica Opção)

Por ser um lugar predominantemente rural, há várias ações tipicamente voltadas ao chamado “homem do campo”. O distrito contou por vários anos com uma unidade de atendimento da Emater – RO, a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia e, em 2020, tem em sua parte urbana um escritório da Idaron – RO, a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia. O saudoso João Batista de Souza (1956-2016), conhecido como Bala de Prata foi um dos idealizadores de eventos agropecuários que marcou positivamente a vila de Bom Jesus ainda no século XX, uma vez que a localidade só passou de fato a ser um distrito apenas em 29 de junho de 2004.

Cleder Rodrigues de Oliveira, filho do ex-vereador e administrador distrital, Florisvaldo Simões de Oliveira, nasceu na região geograficamente abrangida pelo distrito e cresceu acompanhando os seus familiares nos eventos ali realizados. Traz consigo uma boa recordação de tudo o que viu acontecer e como cada coisa conseguiu moldar a localidade de uma forma singular e a contribuição dada para a formação histórica de Bom Jesus.

Em 2007, com a organização de uma associação liderada por Darci Fernandes, ocorre uma festa de rodeio que marcou positivamente o distrito devido ao fato de contar com os melhores peões do Estado. A segunda edição do evento ocorreu em 2009 e, no ano seguinte, a terceira. Porém, para promover uma associação ao nome do distrito, desde 2013, o nome foi mudado para Expobom – Exposição Agropecuária de Bom Jesus. Diversas pessoas contribuíram de forma direta e também indiretamente. A Expobom ganhou projeção e atingiu patamares elevados. Desde então, o campeão do rodeio garante uma vaga na Exposição Agropecuária de Ariquemes, a Expoari. A Associação dos Criadores de Bom Jesus (ACBJ) tem uma participação ativa nos eventos agropecuários realizados no distrito e as atrações por ela organizadas possui prestígio com outras entidades do ramo em todo o Estado de Rondônia.

Representação política

Louro 
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru)
Até a eleição de 2016, o distrito de Bom Jesus elegeu quatro representantes na Câmara Municipal de Jaru. O primeiro dele foi Florisvaldo Simões de Oliveira, conhecido popularmente como Louro em virtude de seu aspecto físico e chegou ao poder legislativo já na primeira eleição ocorrida em 15 de novembro de 1982. Louro tomou posse em 1º de fevereiro de 1983 e ficou no cargo até 1988 quando encerrou o mandato dos vereadores que fizeram parte da 1ª legislatura. Durante a segunda legislatura (1989 a 1992) a localidade não contou com nenhum representante no poder legislativo jaruense.

Ferdinando Pandolfi
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru)

Além do prefeito Ruy Luiz Zimmer (PT) eleito para ser o responsável pelo Executivo Municipal durante quatro anos, a eleição de 1992 apontou dois candidatos do Partido dos Trabalhadores para o cargo de vereador em Jaru: Zenildo Ferreira dos Santos (282 votos) e Severino Dias da Silva com 355 votos. Entretanto, Severino que havia sido candidato ao cargo de deputado estadual no pleito de 1990 e alcançado a suplência, protocolou a sua renúncia na Câmara Municipal de Jaru no dia 08 de janeiro de 1993, apenas oito dias após ser empossado como vereador. Severino obteve o voto de 1870 eleitores na eleição de 1990 e acabou assumindo o cargo de deputado estadual, representando assim o município de Jaru na Assembleia Legislativa. Por esse motivo, Ferdinando Pandolfi, que havia alcançado 210 votos, acabou sendo empossado no poder legislativo jaruense. A sua posse foi assinada pelo então presidente da Câmara, Ulisses Borges de Oliveira em 12 de janeiro de 1993. Com isso, Ferdinando foi a segunda pessoa de Bom Jesus a exercer um cargo público eletivo.

Em 13 de junho de 1996, devido ao afastamento temporário de Delmário de Santana Souza, o local contou com Florisvaldo (conhecido popularmente como Louro) por algum tempo na Câmara Municipal. Na época, a posse de Florisvaldo só foi possível devido ao fato de ainda existir a contagem de votos no poder legislativo por coligação partidária, algo suprimido posteriormente pelo Tribunal Superior Eleitoral, o TSE.
Camilo Antônio da Costa
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru) 

O resultado das urnas em 1996 trouxe uma grata surpresa na representação legislativa de Bom Jesus. Os dois candidatos mais votados na eleição anterior foram eleitos. Ferdinando Pandolfi teve 417 votos e Florisvaldo recebeu o voto de 358 eleitores, sendo eleito por média eleitoral. Em 2000, Florisvaldo recebeu 299 votos e ficou como suplente. Mas, em 11 de novembro de 2003, faltando pouco mais de um ano para o encerramento da quinta legislatura (2001-2004), Louro, como era conhecido em Jaru, foi empossado na Câmara Municipal devido ao afastamento temporário do então vereador Teobaldo Martins Pinto que havia se afastado para assumir o cargo de secretário municipal de Agricultura.

Em 2004, ano de criação do distrito de Bom Jesus, a localidade não conseguiu eleger nenhum representante no poder legislativo. A eleição de 2008 apontou Pelego Pandolfi da 610 (irmão de Ferdinando Pandolfi) como candidato mais votado na região. Pelego recebeu a expressiva quantia de 501 votos, mas o mesmo não foi eleito. O distrito contou com outros candidatos, mas Pelego da 610 foi o mais votado na região.

Luiz do Ônibus
(Fonte: Câmara Municipal de Jaru)

A eleição municipal de 2012 trouxe de volta a representatividade política de Bom Jesus na Câmara de Jaru, pois o candidato Luiz Carlos Cesconete, o Luiz do Ônibus, foi o mais votado no distrito e conseguiu 423 votos, o que o credenciou a fazer parte da 8ª legislatura no poder legislativo jaruense. Porém em 2016, mesmo com vários candidatos disputando a eleição, nenhum representante foi eleito. Em 2020, o distrito também não conseguiu eleger o seu representante na Câmara Municipal de Jaru.

Destaques do esporte

Pioneiro na região de Bom Jesus, Florisvaldo Simões de Oliveira (1943-2018), também foi um dos primeiros moradores a se envolver com a área esportiva no distrito ainda na década de 1980. Seu legado é lembrado por muitos moradores antigos, mas outras pessoas da localidade possuem um vasto trabalhado prestado e, com a contribuição de diversos personagens importantes, foi possível conseguir um grande destaque no campo esportivo.

O Serra Verde é uma importante equipe da Linha 612 (Foto: Edelson Penha da Silva)

Nomes como Nivaldo Pires, conhecido popularmente como Nivaldinho – que chegou à região em 1979 e começou a se envolver com o esporte vinte anos depois – e Marcos Vaz Mota, o Chitão, são lendas vivas que trazem em suas memórias a história esportiva no distrito, onde se predomina o futebol de campo, o esporte considerado como paixão nacional. Várias equipes esportivas foram criadas ao longo da história na região de Bom Jesus: Seringal e Serra Verde (ambas da Linha 612), Santa Helena (614), São João (610), Bom Jesus (610) e Alvorada (608) são apenas alguns exemplos dos inúmeros exemplos que poderiam ser citados. Durante as décadas de 1980 e 1990 existia o Campeonato Rural disputado apenas por equipes locais. Registros da última década do século XX apontam ainda a existência de outras duas agremiações: o Bom Jesus Futebol Clube e Primavera Futebol Clube. Cleder Rodrigues, atual administrador do distrito e que nasceu na região e acompanhou com o pai Florisvaldo Simões todo o trabalho realizado juntamente com outras pessoas, relata que a equipe do Primavera era formada por jogadores aspirantes do Bom Jesus, embora o time tivesse o próprio uniforme e disputasse a mesma competição na região. Informações oficiais apontam que os times tradicionais das linhas 610, 612 e 614 eram considerados grandes equipes que participavam dos torneios que contavam com um bom apoio da torcida.

Marcos Vaz (de calça, à esquerda) com o time Bom Jesus Futebol Clube em
registro feito em 2019 (Foto: Edelson Penha da Silva)

Marcos Vaz Mota, o Chitão, chegou ao povoado de Bom Jesus em 2001. Coincidência ou não, tempos depois houve uma mudança na forma como as competições eram realizadas. Chitão que já era atleta em Ji-Paraná com vários jogos disputados no Estádio Vera Cruz, em conjunto com moradores adeptos ao esporte conseguiu realizar um grande trabalho na região. Com a mudança, o Campeonato Rural que antes era restrito aos times de Bom Jesus é extinto e surge o Ruralzão tendo como base a BR 364, onde as agremiações das linhas existentes no lado direito enfrentariam aquelas do lado esquerdo e vice-versa em seus respectivos campos. Pelas regras do campeonato, a partida final seria, obrigatoriamente, realizada no Estádio Municipal Leal Chapelão. O nome do único estádio existente em Jaru é uma homenagem a dois jaruenses: João Leal era jogador no município e Raimundo Chapelão, filho de Odete Borges de Morais, a saudosa Detinha. Informações apontam que Raimundo Chapelão era seringueiro e considerado como uma das primeiras pessoas que trouxe uma bola de futebol para Jaru, além de ser um grande incentivador do esporte enquanto esteve na cidade.

Nivaldinho demonstra estar feliz pela trajetória esportiva construída no distrito de Bom Jesus. Além de ser testemunha de muitos acontecimentos, ainda hoje não deixou o esporte de lado. O fato de residir próximo ao campo do São João e da Comunidade São Paulo o faz preservar as raízes religiosas e esportivas e com isso ser um referencial na localidade mesmo em meio a muitos desafios e dificuldades.

Clique aqui e conheça a história da escola Marechal Costa e Silva, o único estabelecimento de ensino fundamental e médio do distrito de Bom Jesus. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escolas de Jaru: EFA Dom Antônio Possamai

Dom Antônio Possamai (Foto: www.iper-amazônia.com.br)        A  Escola Família Agrícola Dom Antônio Posssamai  tem  esse nome em homenagem a...